Eu queria escrever, mas não posso, não consigo. Queria dizer o que faz meu coração se irar, mas não acho as palavras. Queria dizer da frustração das palavras, quando o diálogo se mostra impossível. Queria externar a vontade do silêncio que fala mais alto que qualquer grito de socorro.
Engulo as letras, engulo as frases, vão-se os pontos de exclamação. As interrogações são desnecessárias, e as vírgulas mal se comportam. Uma angústia desnecessária se achega; espanto-a para a lonjura do mar, pra lá da linha do horizonte onde eu não a possa ver, numa noite de lua minguante máxima e céu nublado.
A percepção da necessidade de um grito em si já é uma angústia, posto que só o que nos sufoca nos impele ao grito. E se o que nos sufoca são as palavras que não se nos ouvem, de que me serve o maldito grito? O que os ouvidos não recebem de bom grado o coração rejeita feliz. Se as palavras nos sufocam, nos engasgam e impedem a comunicação, que nos resta? a não ser o silêncio de nossa indignação?
Quando as palavras são inviáveis, que nos resta?
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