Deveria ser do conhecimento de todo bom brasileiro vivo que o Brasil entrou, virtualmente, em uma ditadura branca de esquerda. Em minha humílima opinião, o marco no tempo foi a decisão do Supremo Tribunal Federal em 18 de setembro de 2013 próximo passado. Com seu voto pelos embargos infringentes a favor dos réus do mensalão – já condenados! –, Sua Excelência, o ministro Celso de Mello, decretou a fundação da referida ditadura. Consta da biografia do ministro sua amizade pretérita, e talvez não tão pretérita assim, com um dos condenados, o senhor José Dirceu, com quem dividiu um quarto ao tempo em que eram estudantes universitários (http://www.leiaja.com/coluna/2013/celso-e-dirceu-ja-dividiram-pensao). Assim, decretou-se, tão “nasurdinamente” quanto possível, um verdadeiro estado de anomia travestido de um falso ordenamento jurídico que funciona apenas a “legitimar” sua respectiva falsa democracia.
Vejam como a criatividade do brasileiro chega às raias do improvável e, por que não dizer, do falsamente impossível. Nesses últimos onze fatídicos anos, a infiltração da mais danosa esquerda nas instituições ditas democráticas engendrou aquilo que nem mesmo ela seria capaz de supor. Como que por acaso, seus seguidores perceberam aos poucos que não seria necessário recorrer às armas para impor sua ideologia e sua lógica. A lenta infiltração, como a umidade que pouco a pouco avança entre os tijolos e através deles na parede que representaria a sustentação da sociedade, corroeu a estrutura e a cor do tecido social. Sem derramar uma gota de sangue – pelo menos à maneira tradicional de se tomar à força o poder –, a ideologia petista pouco a pouco corrompeu a moral, o ordenamento jurídico, a empresa, a instituição pública e a máquina estatal. O sangue que se derramou e ainda escorre em abundância ficou por conta da falência do código penal, da falência do código de processo penal, da falência do sistema policial, prisional e penitenciário, e da permissividade e envolvimento do poder público com os elementos do tráfico internacional de entorpecentes. Falei em anomia e já corrijo.
O Direito, como fato social durkheimiano, está aí, presente em nossos dias e em nosso dia-a-dia e, forçoso dizê-lo, cada vez mais necessário, nunca até então tão lépido e fagueiro. O que mudou foi o legislador. Sim, o legislador, lato sensu, tornou-se, ao longo desses anos, o grande pilar e o esteio dessa silenciosa revolução. A pedra-de-toque o demonstra claramente. Segundo uma das teorias do crime, é crime tudo aquilo que o legislador assim o classificar. Simples assim. Não será crime, portanto, o que este nobre senhor, em assembléia com outros de seus semelhantes, decidir. A conduta excluída deste rol tão ao seu gosto está eivada daquilo que sua vontade o quiser. Para que não pareça que estejam a se distanciar tão descaradamente da recente Moral que se tenciona subverter, e a fim de que se domine o poder ainda e sempre pela infiltração e não pela força, permitem que ainda constem nos códigos certas condutas que lhes são bem do feitio. Devem vencer as resistências sem solavancos, ou com o mínimo deles. Incluem nos códigos abrandamentos e leniências que vêm a impedir que sejam eles próprios, dados àquelas ações ainda típicas, delas vítimas. Nada mais fácil do que suscitar jurisprudências favoráveis a seus propósitos. Afinal, elas, as jurisprudências, se constroem e se impõem ao longo do tempo. Afinal, onze anos não são onze dias. Ademais, o tempo serve às compulsoriedades das sumidades jurídicas. Uns vêm e outros vão, os que não lhes lêem na cartilha. O Direito brasileiro, então, tornou-se justamente a malha sobre a qual a infiltração se processa. Então, estava eu errado quando declarei a anomia. Estamos diante das novas regras, do novo ordenamento que aos poucos se instala. Não é um evento findo porquanto está em pleno curso. O pontapé inicial de maior peso foi dado.
Eu ia falar sobre os transplantes de órgãos, mas trazia ao coração esse sentimento de indignação. Dito (quase) tudo sobre ele, passemos aos transplantes. Outro dia falei que eles são o atestado da falência de nossa medicina preventiva, de nossa “medicina social”, de nosso “médico de família”, de nosso “Programa de Saúde da Família” (PSF).
Pois hoje calhou de eu encontrar o meu amigo Marco Aurélio Costa, nefrologista de primeira estirpe. Perguntei-lhe qual é, aos dias de hoje, a principal causa de doença renal terminal. (Aos leigos leitores explico que “doença renal terminal” é qualquer doença dos rins que leva à sua “destruição”, de modo que eles param de funcionar. Vários tipos de doença levam a este êxito.) Respondeu-me na bucha: -“Diabetes”! E completou: -“Trinta a 40% dos doentes dialíticos são doentes de nefropatia diabética terminal”. Vejam os senhores leitores o que não dá para esconder. Não é possível conceber que uma doença controlável chegue a causar uma complicação tão devastadora senão com a explicação mais óbvia e perfeitamente comprovável: - muitos diabéticos estão fora de controle. E, se estão fora de controle, a única explicação possível é a seguinte: - ou falta médico para acompanhar o doente, ou falta o medicamento de que o doente necessita, ou faltam ambos. Tal preocupação diz respeito a toda sociedade na pessoa de seus representantes, ou seja, o governo. Conclusão: o governo não faz a parte que lhe compete.
Estamos assistindo da poltrona a história do programa “Mais Médicos”. Eis que hoje uma amiga me veio perguntar o que acho e o que penso do tal "programa" do governo federal. Disse-lhe o óbvio e que salta aos olhos até mesmo do mais insensato dos brasileiros. O "Mais Médicos " é lindo, é uma maravilha. O que o enlameia é o modo como o fizeram. Primeiro, pisotearam os princípios da Carta Maior e em seguida rasgaram os direitos que o trabalhador conquistou em solo pátrio bem como os direitos humanos, ao se permitir a exploração do trabalho escravo em pleno século XXI. No mais o "Mais Médicos" é de uma beleza ímpar. Segundo, em breve veremos os resultados do programa na saúde primária, a mesma que provê os receptores dos transplantes renais que tão indevidamente comemoramos. Assim, estamos a assitir a mais um faz-de-conta do governo . Somente mais médicos nas áreas onde são insuficientes não resolverá o problema da falta de controle das doenças controláveis. Se o provimento dos demais recursos – humanos, tecnológicos mínimos e medicamentos – não acompanhar essa medida, nada mudará. Entretanto, deixemos para o tempo, o senhor da verdade, a demonstração dessa cruel e desumana realidade.
Em outras palavras, o governo, na verdade, não está ainda fazendo a sua parte nem tem a intenção de fazê-lo. Toda essa história do "Mais Médicos" tem, por trás, a hediondez da esquerda assassina e oportunista. Não basta para ela rasgar as leis. O inconfessável apenas teve início. A partir de agora a infiltração seguirá um ritmo mais acintoso, mais impetuoso em outras áreas, aquelas em que não seja de risco para seu projeto a exposição de seu caráter. Apenas no que diz respeito às leis, seguirá ela ainda resguardada e camuflada. No futuro próximo, quando já não houver possibilidade de volta, mesmo as leis revelarão seus maus bofes. E aí o mundo exclamará estupefato: -"Pobres brasileiros"!
Caro Fernando,
ResponderExcluirConcordo com você.Tenho dito que vivemos num estado de exceção branca há tempos. As minorias sinalizam o que pode e o que não pode, não podemos ir e vir livremente sob risco de perder a vida em qualquer esquina, nossas forças armadas estão rendidas e sucateadas, nem todos são iguais perante a lei. Isso sem falar nas mazelas de sempre, como deficiências crônicas na saúde e na educação.
Agora, com essa decisão do Supremo (sim, a decisão foi do Supremo e não do ministro Celso, mais cinco votaram como ele), sinto que o governos petista atingiu o ponto de inflexão, a partir do qual o Estado começa a se dissociar da NAÇÃO. Ele ultrapassou um limite perigosíssimo! Aguardemos cenas dos próximos capítulos...
Abraços,
Altino Farias