Outro dia falei sobre os critérios usados pelo brasileiro à hora de escolher
em quem vai votar (http://umhomemdescarrado.blogspot.com.br/2016/06/cabecas-de-vento.html).
O que não leu há de querer saber: quais são esses critérios? Direi ao leitor
que não leu apenas o seguinte – o brasileiro insiste em querer ser feliz
sozinho. Por exemplo.
Outro dia peguei
o táxi ali, defronte ao prédio. O motorista era o João Mesquita, ferrenho e recalcitrante
torcedor do Fortaleza Esporte Clube. Além de sofrer há anos com as pauladas que
seu time leva, tendo estado e permanecido na série C do campeonato brasileiro de
futebol e dando toda a pinta que de lá não sai tão cedo, sofria o João Mesquita
com a possibilidade de vitória do Capitão Wagner, candidato da oposição à
prefeitura desta horrenda capital do Ceará. E por que sofria ele? Simples: – os
taxistas estavam se pelando de medo do Capitão porque o homem pretendia
permitir a existência do Uber na cidade.
(Outros fortalezenses também sofriam com a possibilidade de eleição do Capitão por motivos diversos, todos eles passíveis de serem colocados na pasta de suas mentes chamada de "Neuroses". Tanto é assim que li, na rede social, um expoente advogado local expressar seu pavor de que a eleição do candidato viesse a "militarizar" a política municipal. Até o momento em que escrevo essas linhas, não consegui, dada minha limitada inteligência, entender o que o senhor advogado pica-grossa quis dizer.)
(Outros fortalezenses também sofriam com a possibilidade de eleição do Capitão por motivos diversos, todos eles passíveis de serem colocados na pasta de suas mentes chamada de "Neuroses". Tanto é assim que li, na rede social, um expoente advogado local expressar seu pavor de que a eleição do candidato viesse a "militarizar" a política municipal. Até o momento em que escrevo essas linhas, não consegui, dada minha limitada inteligência, entender o que o senhor advogado pica-grossa quis dizer.)
“Doutor, o senhor
‘num’ acha qu’eu tô certo? Esse Uber é ilegal, é tudo fora-da-lei... o senhor ‘num’
acha?...”, indagava o João Mesquita, ao invés de prestar atenção no trânsito.
E eu, para não
dizer umas verdades na cara do amigo, assentia: –“É mesmo, né João...?”
Todos sabem que o
Uber oferece transporte mais barato para todos, mais barato que os táxis. Não é
nada difícil entender o porquê disso. É muito simples: o negócio de táxi tornou-se um bom negócio para uns, e um negócio não tão bom para outros. De uma forma ou de outra, o Uber sai bem mais em conta para o consumidor justamente porque é um negócio enxuto e, claro, prescinde do governo para o seu funcionamento. O governo, todos sabem, só serve para atrapalhar e encarecer os negócios.
Se consultarmos o site do SEBRAE, encontraremos o seguinte sobre os táxis:“No Brasil, os carros que prestam este serviço são autorizados a trabalhar através de licenças emitidas pelas Prefeituras, bem como os taxistas (condutores autorizados) só podem exercer a atividade após credenciados no órgão municipal de trânsito responsável. Portanto, para se tornar um taxista (condutor credenciado) o interessado em exercer a atividade irá precisar de um carro também licenciado. Como o número de interessados (condutores), em geral, é superior as licenças disponíveis (Permissões ou Alvarás como também são conhecidas), comumente estas licenças adquirem um valor de mercado elevado em algumas cidades, podendo chegar a cerca de R$ 300 mil, dependendo do tipo (livre ou privativa) e do ponto de estacionamento”.
Se consultarmos o site do SEBRAE, encontraremos o seguinte sobre os táxis:“No Brasil, os carros que prestam este serviço são autorizados a trabalhar através de licenças emitidas pelas Prefeituras, bem como os taxistas (condutores autorizados) só podem exercer a atividade após credenciados no órgão municipal de trânsito responsável. Portanto, para se tornar um taxista (condutor credenciado) o interessado em exercer a atividade irá precisar de um carro também licenciado. Como o número de interessados (condutores), em geral, é superior as licenças disponíveis (Permissões ou Alvarás como também são conhecidas), comumente estas licenças adquirem um valor de mercado elevado em algumas cidades, podendo chegar a cerca de R$ 300 mil, dependendo do tipo (livre ou privativa) e do ponto de estacionamento”.
Segundo reportagem
do marrom Diário do Nordeste, uma permissão em Fortaleza pode variar entre 45 e
120 mil reais, dependendo do ponto (http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/venda-de-permissoes-de-taxi-chega-a-r-120-mil-1.39916).
Assim, a
prefeitura “vende” as licenças e essas podem ser negociadas ou exploradas numa
espécie de mercado secundário, o que leva frequentemente à sua “valorização”. A
prefeitura, que não é besta, estabelece quantas permissões irá negociar no “mercado”
de tempos em tempos a fim de equalizar a demanda
com a oferta à população, e “regularizar” os taxistas “clandestinos” (http://g1.globo.com/ceara/noticia/2015/09/prefeitura-diz-que-vai-criar-mais-2-mil-vagas-de-taxis-em-fortaleza.html).
Evidentemente que este custo é repassado ao usuário do táxi na hora da “bandeirada”
e no valor do quilômetro rodado.
Como nada disso
existe para o Uber, claro está que o usuário é o grande beneficiado com a
chegada dessa alternativa de transporte: o serviço prestado à população é muitíssimo
mais barato. Por isso a nova forma de transporte privado tanto incomoda aos
detentores de permissões, aos motoristas de táxis e à prefeitura. Eles não
estão preocupados com o custo de quem vai pagar pelo serviço – estão
preocupados em ser felizes sozinhos. Eis aí tudo.
Vejam que parecia bem justificada a grande apreensão do João Mesquita quanto à eleição do
Capitão.
Contudo, não, não estava tão bem explicada assim. O caso é
que o candidato à reeleição à prefeitura de Fortaleza anunciava aos quatro
ventos, como o típico brasileiro protecionista com horror à concorrência e à
livre iniciativa: –“O Uber é uma empresa americana que não paga impostos e
explora motoristas brasileiros”. E bradava: –“Vamos multar, apreender”! (http://blog.opovo.com.br/politica/prefeitura-continuara-multando-e-apreendendo-carros-do-uber-diz-rc/)
O outro candidato, como já disse, discursava favoravelmente à livre concorrência.
Agora, vejamos. Em
que se baseia este prefeito ao falar de “exploração do brasileiro pelo ianque
predador”? se aqueles que se associam à empresa norte-americana têm um
faturamento que lhes permite uma vida digna e feliz no trabalho? Ao que
sabemos, os explorados não são felizes nem conseguem ter uma renda que lhes
permita satisfazer as necessidades de suas famílias. A mim me parece que o
discurso do senhor prefeito foi semelhante, quase idêntico, àquele que talvez
tenha declamado aos tempos dos bancos universitários, ali no Centro Acadêmico
XII de Maio, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará; um
discurso tipicamente esquerdista, populista, vazio e cheio do fôlego teórico
das ideias estúpidas que já cansamos de ouvir. (Ia esquecendo de dizer que o
senhor prefeito é médico.)
Naquilo que considero
um ato falho do senhor prefeito, queixar-se de que a empresa norte-americana
não paga impostos só não é infantil porquanto é maldoso e mais uma vez
populista, além de mentiroso. A empresa paga lá os impostos devidos, sim, mas
não à prefeitura como ele bem gostaria. Por deixar de arrecadar para seus
cofres é que ele vocifera, isto sim. Digamos logo que isto não nos faz nenhum
mal, ao povo, como bem pode algum de seus aliados mais à esquerda alegar: o
número de pessoas gerando renda para suas famílias nesta atividade prescinde do
cuidado e da preocupação da prefeitura. O senhor prefeito mostra mais uma vez
seu alinhamento com as ideias populistas que exalam que o Estado quer e deve cuidar
das pessoas, o que já se mostrou dos maiores enganos que o mundo já viu.
E João
Mesquita, o motorista? Bem... a essas alturas deve estar empanzinado dos
festejos pela vitória, pela reeleição do senhor Roberto Cláudio – ia também
esquecendo de dizer-lhe o nome – à prefeitura desta decadente cidade. Para ele
não importa que o cliente pague mais caro por uma corridinha em seu táxi. Afinal,
a concorrência está a um passo do banimento. Àqueles que se beneficiam do
negócio dos táxis interessa a própria felicidade. E todo um povo que se
esculache e pague bem caro. O brasileiro vota na própria desgraça e para o bem
dos que são felizes sozinhos.
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