Foi na última quinta ali na choperia Zug. Digam o que disserem, mas a
choperia Zug continua sendo o lugar. Mas,
enfim, foi lá onde me abordou o idiota.
Ou direi o imbecil. Tanto faz. Um ou
outro adjetivo será pouco para qualificar o indivíduo.
Mas tudo se
explica. Para tudo há uma explicação. É tudo muito simples. O indivíduo é assessor de um deputado, um
deputado estadual. Para os esclarecidos, é sabido que deputado estadual e
merda, no Brasil, é tudo a mesma coisa. Deputado estadual existe para duas
coisas: dizer “amém” ao troglodita do governador; e fazer as mesmas merdas que
suas contrapartidas federais. Num país onde os Estados são meros entes subservientes
a Brasília, a Sodoma nacional, o puteiro da República, deputados estaduais e,
por consequência, vereadores são nada mais do que nada.
Ora, não é bem
assim, devíamos saber. Eles não são nada.
Eles valem muito para o esquema que aí está. São eles, deputados estaduais e
vereadores, os detentores dos currais de vacas de eleitores corruptos que
sustentam o vandalismo nacional. Do outro lado, os homens de bem. Agora os
leitores sabem sobre o tipo que me abordou na Zug Choperia. (Poderia
declinar-lhe o nome, mas evitarei.)
Pois o
troglodita, à guisa de uma brincadeira comigo, abordou-me por detrás (eu estava
sentado) e, segurando-me pelas costas, gritava como uma hiena brava: – “Ele vai
ser o presidente, Lula vai ser o presidente!” Nem mesmo tive tempo de me virar
e ele emendou: – “Tu ‘acha’ que ele vai ser preso? Tu ‘acha’ que alguém vai ser preso??” Eis aí tudo. O
discurso é claro.
Antes, porém,
digamos que o assessor é assessor de um deputado estadual do Partido Comunista
do Brasil (PC do B). Vejam a combinação entre pobreza nordestina, pobreza
fortalezense, pobreza cearense, e esse PC do B. Gente preguiçosa e ávida por
benefícios estimulada e ensinada por essa canalha comunista. (Estou sendo deveras direto, mas é
inevitável.) Que não me confundam com o imbecil que taxou todo o Nordeste
brasileiro de qualquer coisa semelhante com os adjetivos que já aqui usei. Digamos
sem muita delonga – o Nordeste brasileiro tem muita gente de bem, mas que a
canalha aqui tem-se proliferado mais, disso não se tem a menor dúvida. É como o
Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro era tudo e, de repente, o Rio de Janeiro se
tornou um antro, um submundo, uma sarjeta cultural, fiscal, econômica,
financeira, moral. Os canalhas tomaram de conta do Rio de Janeiro assim como
tomaram de conta do Nordeste. Não é o Rio de Janeiro nem o Nordeste que não
prestam – são os canalhas que os tomaram os que não prestam. A gente de bem
desses lugares está oprimida, estupefata, encurralada, eis a grande verdade. A conclusão
é única – é preciso libertar o Rio de Janeiro e o Nordeste da influência e
poderio do canalha. E mais – urge libertar o país dessa canalha.
Agora, vejam. O problema
maior é que o canalha se traveste de bom moço, de Peter Pan, de Robin Hood. O canalha
da “casa legislativa” inútil – sim, inútil porquanto sua legislação tão-somente
imita a da Sodoma que tudo arbitra, tudo negocia, tudo estabelece – tudo faz
para se travestir de idôneo e salvador do povo. O canalha vai à Zug, se
mistura, conversa; faz-se passar por bom moço. Eis, então, toda a fonte de sua
confiança.
Falo, falo, e não
vou ao ponto. O canalha que me abordou, fácil é deduzir, tem a mais absoluta
certeza de que o canalha-mor, Luís Inácio Lula da Silva, será, novamente,
eleito presidente da nação brasileira, ainda que condenado pela justiça. Além disso,
demonstra seu relevante desprezo pelas leis vigentes. Afinal, ele tudo sabe
sobre nossas leis fajutas. Foram seus
comparsas federais que as referendaram. Complementa afirmando, quase que
peremptoriamente, que ninguém será preso. Como poderia o homem de bem,
nordestino, fluminense ou carioca, dizer o contrário? E em meus ouvidos gritava:
–“Você vai ter que engolir! Você vai ter que engolir!” O canalha da esquerda
tem certeza que vencerá contra o homem de bem.
Eu, controlando
meus mais primitivos instintos, tive que sorrir amarelo. Meu maior medo é me
decepcionar com o meu povo. Mais uma vez.
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