- “E aí? Como vai?”
Ia responder quando alguém interrompeu para falar qualquer coisa.
Voltou: - “Tô mal, bicho. Tô fodido.”
Quis saber: -“Como assim? Me parece ótimo!”
- “Pois é. Fiz uma viagem, quando voltei fui ao médico. Diabetes, hipertensão, colesterol nas alturas.”
Quis demonstrar uma cumplicidade na desgraça: - “Bobagem. Eu mesmo estou com hipertensão leve, intolerância à glicose e triglicérides acima do normal.”
- “É o meu caso, mas a doutora não quis saber: passou remédio pra tudo.”
Sugeri mudanças no estilo de vida e na alimentação: - “Começa uma atividade física regular e muda a alimentação que tudo melhora.” Completei: -“E vê se diminui o trabalho, né?”
Respondeu: -“Tirei férias e vou substituir a mim mesmo nas férias.” E concluiu resignado: -“Não tenho tempo pra nada."
- “Estás maluco! Vai descansar, rapaz!”
- “Tô pagando dois apartamentos.”
Meneava a cabeça enquanto se sentava numa cadeira próxima. Ia se derreando e dizendo, numa dessas constatações irremediáveis e fatais: -“Tô mesmo fodido!”
Saí fulminado por sua certeza: o homem está mesmo fodido.
As pessoas chegaram a tal escravidão e nem se dão conta disto:escravos do trabalho e do tempo,escravos de um consumismo sem fim e de tantas necessidades fictícias e reais...temos que reaprender o que é viver.
ResponderExcluirConcordo com o comentário da Edwiges.Cobertíssima de razão.
ResponderExcluir