“O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota.”
(Nelson Rodrigues)
Tenho amigos petistas.
(Escrevi a frase acima e, confesso, senti um comichão no peito e nas partes....)
Tentemos novamente.
Tenho amigos idealistas. Não sei se algum dia algum deles leu "O Manifesto...", mas o brasileiro mediano ainda se arrasta na crença de que uma sociedade igualitária é aquela em que todos são iguais.
É de uma obviedade abissal o fato incontestável – "fato incontestável" é uma deslavada tautologia, se me dão licença – de que todos somos diferentes. Esquecem que a sociedade igualitária é aquela em que as oportunidades são iguais para todos. Cada um faz com as oportunidades que recebe o que bem entender. Se quiser jogá-las pela janela, paciência. Todos arcam com as consequências de suas escolhas. Em suma, é no uso distinto das oportunidades que se manifesta a mais escrachada diferença entre os seres humanos, da Sibéria às Ilhas Malvinas, do Alaska à Austrália.
Não sei por que cargas d'água me veio agora à cabeça a lembrança da amizade entre o Erasmo de Rotterdam e o Thomas Morus; e também agora me dou conta de que não me recordo se a obra do primeiro ("Elogio da Loucura") veio antes ou depois da obra do segundo ("A Utopia"). Lembra-me que o Erasmo dedicou a sua ao amigo em carta e em viagem. Estou a imaginar se o "Elogio..." não seria uma mordaz crítica ao onírico sonho de seu amigo quanto à existência de tal lugar onde as coisas funcionavam tão perfeitamente. Qualquer dia desses vou ali à minha biblioteca rever essas duas pérolas da literatura mundial e a relação entre ambas, se é que há.
Será que o Erasmo pensava que o amigo sofria de algum distúrbio mental ao descrever Utopia? Em todo caso ele chegou a uma conclusão imbatível: só os loucos são felizes.
Mas eu não queria nem pretendia falar nada disso. O diabo é que, mais que os comichões no peito e nas partes quando taxei alguns amigos de "petistas", foi os que me assaltaram quando li hoje em diário da capital a reportagem onde o presidente do PT, um tal de Rui Falcão, afirma que a mídia – entenda-se a imprensa – "abre campo para as aventuras golpistas". Disse ainda mais este senhor, "que a imprensa e setores do Ministério Público tentam 'interditar' a política e por isso devem ser combatidos pelo partido. Em reunião da bancada do PT na Câmara, associou essa suposta prática ao nazismo e ao fascismo (http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2013/01/31/noticiasjornalpolitica,2998090/rui-falcao-associa-imprensa-ao-nazismo.shtml).
Vejam que nazista e fascista é a idéia que este senhor tem do papel da imprensa e da mídia em geral. Para ele a imprensa deve ser combatida e, para tanto, deve ser controlada. Óbvio é o eufemismo: - a imprensa, para ele, deve ser amordaçada. E não somente a imprensa, mas o Ministério Público. Para ele deve-se tirar o poder de polícia do Ministério Público. (Será que tenho amigos petistas?) Ele não quer nenhuma polícia a escarafunchar os atos criminosos de seu partido.
O que me fez perder a noção do tempo – minha secretária veio-me cobrar seu pró-labore após terminado o serviço porque, de tão malignamente enleado na questão, acabei por esquecê-la – foi minha lucubração sobre o que significaria a expressão "interditar a política", usada por este senhor.
Ora, não estão funcionando plenamente as ditas instituições democráticas do país? Não vivemos sob regime de pleno gozo das liberdades civis? Não estamos a pensar o que queremos e a expressar livremente esse pensamento? Isso tudo não é fruto da política em ação? da política que está a funcionar sem óbices nem entraves nem obstáculos? A atuação da imprensa e do Ministério Público, agindo livremente, não é também um reflexo do pleno gozo do estado de direito? Então, em nome de todos os santos, onde está a evidência de que mídia e Ministério Público estão tentando "interditar a política"? (Gostaria que algum amigo "petista" me dirimisse essa dúvida, mas preferiria que não. Detestaria saber que tenho amigos petistas e que compartilham dessas idéias idiotas.)
Para piorar – não sei em que parte de meu cérebro estava esta imagem inolvidável – este senhor Rui Falcão muito se assemelha fisicamente ao Joseph Goebbels, assecla apaixonado do senhor Adolf Hitler. Notem o físico apoucado e o tórax raquítico. Vestidos em passeio completo são de uma semelhança brutal. Observem a fronte alta e ampla, os lábios finos e o nariz algo afilado, mais ainda no morto que no vivo. Os olhos são tão iguais, mais na expressão do olhar do que propriamente no formato, ainda que este seja praticamente o mesmo. É incrível! Falta ao Goebbels a leve armação que a ave de rapina traz às fuças, e é de se notar que este está em idade (70 anos) à qual o outro não chegou por ter morrido com apenas 47.
Assim, este senhor com nome de ave de rapina atribui aos outros atos e comportamentos que lhe são, a ele próprio, visíveis e demonstráveis. Seus eufemismos não são capazes de camuflar as intenções das ideias que são suas e de seu partido, já há muito conhecidas e divulgadas e até agora rejeitadas na medida certa.
Sabe-se lá por quanto tempo.
amigo.
ResponderExcluirSó falta apenas o detalhe de ser "manco" para que este Sr.Rui Falcão seja o sósia perfeito de Goebells.Tens toda razão ao traçar a semelhança destas deploráveis figuras.
É DE PERGUNTAR.CADÊ A MEMÓRIA DESSE SR. POIS FOI GRAÇAS A ESSA IMPRENSA QUE A PARTIR DA DÉCADA DE 80 ESSE MESMO PARTIDO QUE ESTÁ AGORA NO PODER COMEÇOU A SER COLOCADO PELA MÍDIA COM NOVA MANEIRA DE FAZER POLITICA.HAVIA ESPERANÇA DE UM JEITO DE FAZER POLITICA DIFERENTE, QUE AOS POUCOS FOI SE ESVAINDO... E TAÍ, O TAL DO FALCÃO FALANDO BESTEIRA COMO REPRESENTANTE.É O PAPAGAIO DO ZÉ.
ResponderExcluirITAMAR DE ABREU