O
que não me sai da cabeça é a cabeleira do Cesar Luis Menotti,
técnico da seleção argentina em '78. O homem, hoje com 76 anos,
sentou o pau na seleção brasileira da última copa do mundo em
entrevista recente. Fui ver-lhe a fotografia publicada na citada
entrevista e pude comprovar – é, sem dúvida, uma cabeleira
impressionante a do senhor Cesar Luis Menotti. Confesso sem medo da
franqueza – li apenas os dois primeiros parágrafos de sua conversa
com o repórter. O que me prendia os olhos, volto a repetir, era a
cabeleira.
Os
amigos hão de querer saber por que diabos estou eu a me assustar com
essas bobagens, de modo que me vejo obrigado a confessar – o meu
amigo Fábio de Oliveira Motta tem uma cabeleira igualzinha à do
velho futebolista. Para deixar as coisas absolutamente claras e
indubitáveis, alerto a que não confundam o ex-técnico argentino
com certo cantor de música sertaneja. Este é um sujeito gordinho e
atarracado cuja cabeleira é vasta e densa, bastante diferente da dos
outros dois.
O
caso é o seguinte. Na última quinta-feira encontraram-se os
maristas no intuito de molhar a palavra, e presente entre eles o
nosso Motta. Desde maio passado, quando do encontro deste mesmo grupo
para comemorar os 54 deste que escreve, observou-se a roqueira
cabeleira do homem. Foi ela, relembremos, o mote para uma
desinteressada crônica
(http://umhomemdescarrado.blogspot.com.br/2015/05/os-bobes-do-fabio-motta.html).
De lá para cá, quinta última pudemos constatar, o nosso Motta
não há de ter ido ao fígaro uma única e mísera vez. Por isso a
cabeleira está ainda mais vistosa e escorrida. Vejam que ela tem as
mesmas características da do senhor Menotti – é minguada no alto
da cabeça e basta no occipício. Constatada a semelhança brutal e
preocupados em dar ao amigo um título de fama, resolvemos apelidá-lo
de Fábio “Menotti” Motta.
Eu
disse que o senhor Menotti tem 76 anos. O “Menotti” Motta tem
apenas 53. O diabo é que, como o homem fez uma penosa dieta – está
a se alimentar apenas do açaí que lhe vende o Bacana –, emagreceu para lá de 10 quilos. Essa perda ponderal lhe trouxe
benefícios físicos óbvios, mas também trouxe-lhe efeitos
indesejáveis, o principal deles o aparecimento de abundantes linhas
de expressão nas fuças, digo, na face. A título de exemplo,
vejam-se-lhe os sulcos nasolabiais. Ficaram tão pronunciados que o
homem às vezes se assemelha a certo personagem do desenho animado,
um simpático e tristonho cãozinho branco cujo nome agora me escapa.
(Saí a ver qual seria ele e – pimba! – não é que o encontrei?!
Seu nome é Droopy, mas não me perguntem em qual específico desenho
ele atua.) Observem que os sulcos nasolabiais são linhas naturais e
suaves marcas à juventude que se aprofundam e se acentuam à medida
que se envelhece. Afora eles o nosso “Menotti” Motta apresenta
outras linhas não tão naturais, adquiridas pela perda adiposa de
seu rosto.
O
Serjão, presente à mesa ao momento em que admitíamos a incrível
semelhança da cabeleira e não somente desta mas também das fuças,
digo, da face de nosso Motta com a do argentino, tratou logo de
contrair, de tornar menor o novo apelido. Como ele é um baiano
frustrado desde que morou por aquelas paragens há muitos anos,
arrematou: –“Fêmêmê”! E assim todos acordamos em como seria
a alcunha do Motta: Fêmêmê. (Observem que os circunflexos aqui não
se prestam a denunciar a sílaba tônica: a palavra é, obviamente,
oxítona. Os circunflexos servem apenas a realçar a “baianidade” do
termo e nada mais.)
Quem
pensar que Fêmêmê agastou-se com essa balbúrdia toda em torno de
seu nome, de suas mudanças físicas e de seu novo velacho, engana-se
redondamente. O homem adorou. Considerou tudo uma grande pilhéria,
como é o costume entre amigos que se amam.
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