Ah, como roda rápido o tempo...!
Noutros tempos, o tempo era lerdo, uma lesma a se
arrastar rente à parede, invisível à vista de todos. Naquele tempo não se
justificava a pressa, não fazia nenhum sentido a velocidade. Correr pra quê? Olhávamos
cada coisa durante quanto tempo quiséssemos, e esperávamos sem pressa porque
havia tempo de vê-la em cada detalhe, de analisar cada pedaço, de perceber seus
contrastes... Tudo corria conforme o tempo.
Hoje, como roda
rápido o tempo!
Sem demora passa o tempo, e com ele passamos nós,
vamos nós; pouco vivemos porque ele já foi, já está ali, adiante, chegou antes
de nós. E se não vamos, ficamos; nos abandonam porque ficamos; nos esquecem
porque não mudamos para... pior. Sim, somos piores a cada quinze minutos, diria
o Nelson. Não ir junto é como morrer, como se perder da multidão e ficar ao largo, no
deserto da vida sem água e sem teto, condenado a ser a negação de (quase) tudo.
Tudo é muito e o
tempo é pouco. Muita gente, muita coisa; muita gente, muito (ou pouco) espaço;
muita gente, muita dor; muita gente, muita morte; muita gente, muita festa;
muita gente, muito bebê; muita gente, muita morte. Muita gente, pouco vovô e
vovó; muita gente, pouco papai. Onde está mamãe? Muita gente, pouco eu; muita
gente, pouca vida; muita gente, pouco amor...
Muita gente, pouco eu...
Muita gente; pouco VOCÊ.
Ou somos e estamos com essa gente, ou somos poucos,
você e eu.
Você e eu nada somos diante de tanta gente...
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