S.C.
é meu paciente do ambulatório. Já cá esteve duas vezes
acompanhado de sua dedicada irmã. Eles vieram de Belém do Pará.
Reconheci pelo sotaque, o plural das palavras com som de “sh”:
doish, coisash, e por aí vai.
Ele
tem apenas 31 anos e já não tem rins. Perdeu-os para a doença
hipertensiva grave e precoce. Faz diálise a cada “trêsh” dias.
Já fez vários procedimentos para confecção de fístula
arterio-venosa. Como ele é canhoto, começaram pelo lado esquerdo.
Nenhum deu certo. Vários procedimentos no membro superior direito
também falharam, o que acabou por exigir a colocação de uma
prótese comunicando a artéria à veia.
Certo
dia, inchou-lhe o braço. O exame mostrou um estreitamento de mais de
90% da luz da veia proximal à fístula. A estenose é uma ameça à
diálise. Se a estenose virar oclusão, adeus fístula. A solução é
introduzir um cateter munido de um balão pela veia e dilatar o
estreitamento. Providenciamos a guia de internamento para S.C.. Já
se passaram quase dois meses. E por quê? Por que não há material,
não tem cateter com balão próprios ao procedimento. Ele está a
ponto de perder a fístula porque a Constituição “cidadã” é
uma falácia, uma enganação, uma chacota de mau gosto. O gestor não
paga o fornecedor, o fornecedor suspende o fornecimento.
Dias
atrás veio o ministro. Disse o que quis e o que não quis. Do alto
de sua autoridade ignorante e diabólica, pôs a culpa do caos nos
médicos e em todos os profissionais de saúde. A culpa é vossa,
disse ele de nós. Os gestores estão exigindo o ponto biométrico
dos profissionais de saúde. Certo dia, disse uma sumidade da cúpula
administrativa do governo deste miserável e desgraçado Estado que
os profissionais de saúde estariam “devendo” não sei quantas
mil horas de trabalho ao povo, como se a causa do caos fosse o
absenteísmo laboral dos profissionais. Em suma, na pele o
profissional de saúde sente a opressão por parte das autoridades
incompetentes e criminosas.
Mais
recentemente veio o Alexandre Garcia e expôs, no telejornal
matutino, as entranhas do modus operandi do
gestor incompetente, criminoso e opressor. De que adianta? De que
adiantará? Fará alguma diferença? Não fará. E ainda se fala da
opressão da “ditadura militar” que nunca existiu ou, melhor, só
existiu para os guerrilheiros criminosos que queriam e planejavam
implantar no país o mais falido, criminoso e desumano de todos os
regimes já ideados pelo homem.
O gestor é, antes de tudo, um rotundo e espesso canalha.
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