Hoje, como se diz no jargão popular, o jornalista Fábio Campos matou a pau. (Aliás, falar ou escrever "matou" nas atuais circunstâncias é até um imperdoável Freudian slip, uma vez que o que mais se tem feito por essas bandas seja matar ou morrer.) Título de sua coluna: “Sim, estamos com medo” (http://www.opovo.com.br/app/colunas/fabiocampos/2013/04/04/noticiasfabiocampos,3033133/sim-estamos-com-medo.shtml). Toda a população de homens e mulheres de bem desta pobre cidade deveria engrossar o coro e bradar aos quatro cantos: -“Sim, estamos com medo”! A diferença seria a exclamação a dar a entonação de nossa indignação e terror.
Sim, deveríamos parar a cidade. A população, o conjunto dos que trabalham, ricos e pobres – estes mais ainda porquanto são as mais potenciais vítimas – deveriam faltar ao trabalho, todos, sem exceção, e se dirigir a um lugar qualquer e gritar bem alto: -“Sim, estamos com medo”! Como isso está longe de ocorrer, nos contentemos com o título que Fábio Campos epigrafou à sua coluna de hoje no jornal O Povo. Eu me senti, ainda que muito incompletamente, de alma lavada.
Há plágios bem-vindos. A propósito, se alguém plagia alguém, sinal é de que o alguém que se plagia tem algo de bom. Não é o caso porque o que farei a seguir não há de se caracterizar como tal, já que darei os devidos créditos ao autor, o jornalista Fábio Campos. Passemos então a transcrever algumas de suas colocações feitas hoje à sua coluna.
Diz ele o seguinte ao início.
Pensando melhor, iniciemos pelo fim, já que o arremate saiu um primor: "Falta somente um ano e nove meses para o fim da atual gestão. Vem eleição por aí. É de praxe que o governante plantonista queira fazer o sucessor. Portanto, não nos iludamos com medidas espetaculosas de efeito curto e duvidoso."
Observem que há aqui uma clara referência ao governo do senhor Cid Ferreira Gomes, já que nosso prefeito assumiu há poucos meses. Fábio Campos peremptoriamente declara que a gestão atual não conseguirá resolver o problema da segurança pública, mas que tentará, tendo em vista a praxe de buscar se eleger o sucessor, fazer parecer que o fará através de medidas pouco críveis em real efetividade. Estou com ele e não abro: o Brasil é o país do faz-de-conta.
"Nos sábados e domingos as ruas estão vazias. Não há transeuntes. Calçadas ociosas. Cidade deserta. As pessoas não mais se dispõem a praticar o mais agradável dos direitos humanos: perambular nos finais de semana. Trancafiadas em suas próprias casas." Outro dia, após duas ou três investidas na noite no fim de semana, perguntei a Bella: -"Onde está todo mundo?" Bares e restaurantes outrora repletos da alegre gente dessa cidade estavam vazios. Poucos carros na rua. Eis a explicação do jornalista. Redundante dizer que ele tem enormes chances de estar certo. É fato. Outras explicações seriam a pindaíba e os preços elevadíssimos em nossas casas noturnas, e a lei seca. Mas que a noite de Fortaleza agoniza a olhos vistos não há a menor sombra de dúvida.
"E surgem os cavaleiros da calmaria oficial a dizer que estamos a criar um clima falso de insegurança e violência, que é exagero, que é motivação política, que é interesse contrariado, que é conspiração... Enfim, qualquer uma dessas bobagens usualmente proferidas pelos aspones que não têm resposta a nos dar." Discurso mais manjado do que homem com olhar de peixe morto na direção de donzela apetrechada, notadamente nesses tempos aculturados por partido pseudovirtuoso pior do que aqueles aos quais dizia se opor. Essa aculturação foi por demais bem sucedida haja vista o alastramento de discursos similares proferidos por outros de outros partidos "aliados". Vide justamente os dos aliados do governador. Some-se a isso a falta de oposição que seu governo "enfrenta", assunto que o jornalista Fábio Campos abordou e denunciou noutra oportunidade bem recentemente (http://www.opovo.com.br/app/colunas/fabiocampos/2013/03/30/noticiasfabiocampos,3030795/a-falta-de-oposicao-causa-mais-estragos-que-a-seca.shtml).
Deixemos o restante do primoroso artigo aos que se interessarem em lê-lo na íntegra.
Hoje, conversando com meu querido amigo Ciro Ciarlini, cirurgião cardíaco da mais elevada estirpe, ouvi dele a seguinte hipótese para explicar a violência desenfreada que ora grassa: - a causa da cultura da violência entre nós é a "nossa" religião. Segundo ele, a crucifixão do Cristo é a comprovação disso. Para exemplificar citou os budistas, os islamitas, os hinduístas, "religiões" onde o Cristo nada ou quase nada é. Que acham disso? Eu acho o seguinte: - o Ciro pode ser um excelente cirurgião cardiovascular, mas é um péssimo sociólogo. É o que acho.
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