... e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (João,8:32)
Estive a
utilizar recentemente em descontraídas conversas o neologismo posconceito (ou
pós-conceito). Não sei se fui o
primeiro. Por várias vezes estive a usá-lo e, não sei se meus interlocutores perceberam, ele não
consta nos dicionários.
Creio que, com
as novas regras da língua portuguesa, a escrita correta seria a segunda, mas me
agrada a primeira por ser um “antônimo de simetria” com a palavra preconceito.
Conceito, segundo o Aurélio, seria o que se concebe sobre algo ou alguém no
pensamento, na idéia; seria um modo
de pensar sobre algo; seria uma noção,
uma idéia, uma concepção. Seria ainda uma opinião.
Diz ainda o Aurélio sobre preconceito: opinião ou idéia preconcebida sobre algo ou
alguém, sem conhecimento ou
reflexão; prejulgamento.
Assim, vê-se
facilmente que tanto o conceito quanto
o preconceito são frutos de uma
avaliação própria, individual, baseada em crenças, opiniões ou noções pessoais
sobre algo ou alguém. Não há aqui referência à profundidade do conhecimento que
o indivíduo possui sobre o objeto em questão, presumindo-se que é possível que
não se tenha nenhum conhecimento sobre determinado assunto e ainda assim se
elabore uma opinião a seu respeito.
Diz
o Robert Kiyosaki que, se você não pode provar que algo é um fato, então é uma
opinião. Dado o número de seres humanos que têm opiniões sobre os mais diversos
assuntos, temos que abundam os conceitos e, principalmente, os preconceitos.
Conhecimento abalizado sobre alguma coisa ou alguém é algo bem mais raro. Foi então que
me veio a noção do que seria um posconceito
(firamos a nova grafia a fim de que os “antônimos simétricos” se assemelhem).
O
que seria um posconceito? Visto que o
conceito parte de uma idéia no
pensamento, ele pode gerar conhecimento na medida em que o ser busca prová-lo
como verdade a fim de incluí-lo no cabedal de seus conhecimentos.
Concebeu-se a
idéia do Big Bang a partir da observação da mudança do espectro de luz para o
vermelho das galáxias distantes, uma luz de comprimento de onda mais longo.
Hubble pensou que essa mudança se dava pelo afastamento das galáxias do
observador e entre si e que, portanto, o universo estaria em expansão. Se o
universo está em expansão – conceberam
os cientistas – ele deve ter sido, no passado, um ponto minúsculo que explodiu
numa hecatombe criadora. Este é um exemplo de uma idéia, de um conceito que
se tenta provar como fato a fim de que deixe de ser uma opinião.
(Devo
alertar que, em contraposição à explicação da mudança do espectro da luz para o
vermelho que leva à noção de universo em expansão, há a explicação da teoria da
luz “cansada”. Como a luz é uma onda, e onda é energia em propagação, a luz
perderia energia ao percorrer as colossais distâncias do universo e seu
comprimento de onda tornar-se-ia maior. Quanto maior o comprimento de onda, menor
a energia da onda. Se essa teoria se mostrar factível, o universo não estaria em
expansão e estaríamos vivendo em um universo estático.)
Então,
o que diferencia o preconceito do posconceito é o grau de conhecimento
sobre a realidade dos fatos. Um é uma opinião; o outro, um fato
demonstrável. Assim é que um conceito pode ou não levar a um conhecimento
abalizado. Um conceito pode vir a se
tornar a origem de uma teoria científica ou permanecer somente uma hipótese, se não se buscar a inteireza
de sua veracidade, um preconceito.
Quando o conceito evolui de idéia, de
noção, de pensamento para fato ele torna-se um posconceito. Eis aí tudo.
O
que ocorre com desmedida freqüência é o taxar de preconceito o que na realidade já se tornou posconceito. Conclui-se facilmente que muitos conceitos que estão
em vias de se tornar sólidos posconceitos são, eles próprios, vítimas de
atrozes e ferrenhos preconceitos. O exemplo é a teoria da luz cansada, vítima
de preconceito pela comunidade científica positivista interessada em tornar o
Criador uma impossibilidade definitiva. Por isso seguem a “pregar” a teoria do Big Bang como a verdade absoluta do surgimento de tudo quando ela está bem
longe de tal façanha, segundo as próprias evidências que se acumulam.
Vejam
que até nos mais sérios meios científicos tenta-se manter os homens ignorantes
gerando preconceitos que só contribuem para a manutenção da medievalidade em
plena modernidade.
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