Muito me
impressionou o artigo do senhor Neal Gabler, do The New York Times de 21 de agosto passado, intitulado A enxurrada de enganosas grandes ideias
(http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-enxurrada-de-enganosas-grandes-ideias,761580,0.htm).
Acabo de deixar o link onde se o pode ler na íntegra, mas duvido que alguém o
faça. Por duas razões. A primeira delas diz respeito ao que o artigo traz em
seu bojo: queremos informação inútil, e rapidamente. A segunda é que não
queremos degustar idéias, ainda mais quando alguém escreve que nossa aversão a
elas é visível e inegável. Não queremos ler esse maldito texto.
Haveria talvez
uma terceira razão: poucos quererão ler um texto que tem caráter positivista.
Quanto a este aspecto digo que também a mim ele não agradou, mas isso não lhe
tira os méritos. É preciso conhecer as idéias que nos contrariam. Aventuro-me a
imputar à ignorância do senhor Gabler esta característica marcante de seu
texto.
Embora cite idéias
revolucionárias em vários campos do conhecimento humano a fim de demonstrar
talvez sua relativa antiguidade, o senhor Gabler parece ignorar, como a maioria
dos viventes ignora, as inúmeras falhas da ciência em explicar os problemas
essenciais da existência humana. Cita a teoria do Big Bang que imputa a esta
singularidade a existência de tudo. Sabe ele que os cientistas positivistas –
essa seria uma escrachada tautologia não fosse a minha intenção proposital – debocham
do criacionismo científico ao perguntarem onde estava Deus antes de criar o
universo e seu esplendoroso conteúdo.
Ora, onde
estava a partícula de densidade infinita antes que explodisse num gigantesco caos
inicial, e que se desdobraria em sistemas organizadíssimos, contrariando já àquela
época a segunda lei da termodinâmica? É possível que minha pergunta seja de uma
estupidez bigbânguica, mas ainda
assim ela estaria desde já justificada, já que os cientistas são ases em matéria
de enxertar novas e estúpidas idéias para obrigar seus modelos a serem
totiexplicativos. Que fazer? O mesmo que eles – adjuntar todas as possíveis cretinas
perguntas e lançá-las a um texto como este. Talvez o senhor Gabler devesse
saber que esta pergunta sobre onde estaria a densíssima partícula existe, e que
ela faz tanto ou mais sentido que a outra. Como a responderam, a outra? Simples.
Aboliram todas as leis naturais na singularidade, até porque é por esta razão que
a denominaram singularidade. Pronto e ponto final.
Mas o senhor
Gabler vai bem quando fala de nossa ânsia por informação sem a menor utilidade
prática e sobre nossa aversão por boas idéias. Nessa linha não poupou as redes
sociais, propagadoras preferidas da informação peito-de-homem. Sobre a escassez
de idéias atribuiu-a à troca delas pela informação fajuta. E estamos
conversados. Eis aí um resumo resumidíssimo do excelente artigo do senhor
Gabler.
Diante de tal
alerta, cabe outra pergunta cretina: - por que será que as idéias novas,
notadamente as científicas, as que nos fazem repensar o mundo e o universo, não
mais surgiram? Faltam Eisnteins, Freuds, Stephens? Certamente não faltam. O que
faltam mesmo são as malditas idéias. Escassearam mesmo as tiradas da imaginação
que resolviam problemas pendentes em teorias científicas acrobáticas e incompreensíveis.
Por quê? Há outro telescópio maior e mais potente que o Hubble que em breve irá
substituí-lo. Lançará os olhos do homem a ainda mais remotos confins do cosmo.
Enquanto isso
os cientistas criacionistas estão repletos de idéias palpitantes sobre tudo
isso e ninguém dá a mínima. Esta será, por agora, a minha última pergunta
cretina: - por quê?
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