terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Crime e querela na rede social


Sei que sabes, Casoba, de minhas reservas às redes sociais. E parece que as razões delas estão a se deixar revelar através de fatos gritantes e assustadores.  
Por exemplo, no último sábado uma querida amiga me relatava o que lhe ocorreu na rede social mais badalada do momento. Alguém, não se sabe quem e é provável que nunca se chegue a saber, "montou" uma falsa página com um falso perfil de minha amiga. Esse(a) criminoso(a) virtual lá posta o que quer e bem entende e – pior! – está a postar as mais esdrúxulas e pavorosas aberrações sobre minha amiga. Ela, impotente diante de tudo, apenas observa com o coração aos solavancos e a alma em frangalhos. Eu mesmo tive o desprazer de visualizar a tal página, cujo link ela me enviou depois, e pude aquilatar o tamanho do estrago que isso pode fazer na vida de uma pessoa de bem. Que fazer?, ela se perguntava em minha presença. E concluímos – no curto prazo talvez pouco se possa fazer. Ela tenta, desesperadamente, junto aos administradores da rede, tirar a falsa página do ar o mais rápido possível. Eis aí uma confirmação do porquê de minhas reservas a essas redes. Um outro fato, Casoba, obterá menos unanimidade quanto à geração de reservas às redes.
Senão, vejamos.
Tenho usado a badalada rede para divulgar os textos que escrevo em meus blogs. E ontem, creio, postei um texto de meu blog "O Desocupado" (fecavalcanti.facilblog.com) intitulado "Vergonha sobre mim" (http://fecavalcanti.facilblog.com/Primeiro-blog-b1/Vergonha-sobre-mim-b1-p29.htm). Divulguei-o em certo grupo e qual não foi minha surpresa ao perceber que o texto suscitava, entre as mulheres do grupo, uma reação que beirava a hostilidade. Elas interpretaram a minha indignação como uma aversão, de minha parte, ao que elas denominavam "crítica".
O interessante foi a resposta que o mesmo texto obteve fora desse grupo, mesmo entre as mulheres. Uma amiga escreveu, se referindo ao conteúdo do texto: -"Vixe... acabei de te elogiar! Mas entendi muito bem o que quis dizer... ô povinho falso!" Enquanto uma amiga que me conhece pessoalmente entendeu o que escrevi nas entrelinhas, as amigas virtuais nada entenderam ou, por outra, entenderam justamente o oposto. E aí está uma outra das razões de minhas reservas – nada substitui uma amizade real, mesmo que uma virtual possa vir a sê-lo.
Uma amizade virtual é amputada de todos os elementos que possui a amizade real. Nela falta o conhecimento da essência do outro, da história do outro, do caráter do outro. Cícero afirmou que só é possível a amizade entre os de bom caráter, e talvez ela até seja possível na virtualidade das redes. Algo me diz que, sim, é possível. Desde que os recentes amigos virtuais se esforcem por descobrir o outro, anelem em algum momento a realidade e a presença do outro, seria possível a cristalização de uma amizade de fato. Até lá, ao que me parece, impõe-se ainda mais zelo e cuidados ao amigo virtual de forma a não feri-lo naquilo que ainda não sabe do outro. Isso seria demonstração do caráter necessário à amizade. Seria o mínimo a ser feito.
As amigas virtuais entenderam que não tolero críticas por lhes acusar a obtusidade na interpretação de meu texto. Os amigos reais, de fato e de direito, sabem que nada está mais distante da verdade. Por que iria eu entrar a me enfronhar numa querela internáutica com quem jamais vi na vida? Lamentei a oportunidade perdida de nos conhecer melhor e pessoalmente a fim de levar a cabo papos literários ou não, usando do mínimo de inteligência que a maturidade exige.
Eis então, caro amigo, dois exemplos das mazelas maiores das redes sociais, sem esquecermos outra de igual tamanho – sua propensão à disseminação da informação peito de homem, aquela que para nada serve.

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