Meu amigo doutor Costa, para os mais íntimos Costinha, tem o salutar hábito de freqüentar os municípios próximos à nossa capital. Na semana, durante o dia, lá vai como médico atender o povo. Nos fins de semana costuma ir aos rega-bofes que se promovem amiúde nessas localidades.
Outro dia, um fim de semana desses, foi à praia do Batoque que fica não sei se no Aquiraz ou na Pindoretama. Ora, por ser de temperamento alegre e simples e exercer a nobre profissão de Esculápio é que meu Costinha angariou o bem-querer e o respeito de todo aquele povo. Após o arrasta-pé em clube próximo à praia, foi ao Bar do Keké onde se serve um churrasquinho de gato tão gostoso que nem presta.
Como de praxe, o proprietário o recebeu com deferência e entusiasmo, ainda mais porque tinha o hábito de tomar uns tragos da boa cachaça branca enquanto servia a clientela. Costinha, que também já vinha "calibrado" do clube, sentou-se à mesa de sempre, onde Keké já veio ter e com ele sentar-se para os costumeiros dedos de prosa.
Ali pelas tantas, Keké ergueu o copo acima das cabeças e, olhando para ele como para anunciar o comentário que faria a seguir, disse: -"Ô 'negoço' pra fazer mal pro 'figo', hein doutor Costa?"
Costinha, sabedor da mania de Keké de querer ser sabido, entendido e culto, provocou: -"O pior é o pâncreas!" O dono do bar, fazendo uma careta de surpresa ante o que lhe pareceu uma nova, respondeu: -"Ai, vai!... e inda tem disso, é?"
-"É que o álcool estimula a secreção gástrica, que por sua vez estimula a secreção pancreática e provoca um espasmo do esfíncter de Oddi. Isso aumenta a pressão no canal de Wirsung e gera um refluxo do suco pancreático dando uma pancreatite gravíssima!", detalhou Costinha pra terminar de massacrar seu inquiridor.
Keké, desenhando na face um esgar ainda mais nojento que o primeiro, fuzilou:-"Vixe, doutor Costa!... ô estrupício 'fêi'!"
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