terça-feira, 13 de março de 2012

"Corrige o teu filho, e te dará descanso..."


Tocou-me deveras o artigo da excelente jornalista Adísia Sá à página 6 do jornal O Povo de hoje. Intitulado “Matança de Inocentes?”, lá ela faz ainda outras indagações. Pergunta: “O que está acontecendo com os nossos jovens recém saídos da adolescência, que são detidos após assaltos, arrombamentos e assassinatos?” E mais – confessa publicamente: “Isso me tem angustiado e arrastado a especulações...” etc. etc.
            Dizem que as perguntas são mais importantes que as respostas, que o conteúdo da pergunta tudo evidencia, tudo projeta, e expõe a gravidade do problema. Em minha humílima opinião as seguintes adquirem uma dimensão ainda mais lucubratória: “Quem está se debruçando sobre esse doloroso quadro?” e “Onde estão suas famílias?”.
            Lucubremos, então.
            Se está acontecendo algo aos jovens, podemos concluir que é algo estatisticamente significativo, já que chama a atenção da respeitável articulista. E é. Ela diz: “Todos os dias há notícias de crimes envolvendo menores...” E, se está acontecendo, o que está acontecendo, afinal? Ora, há um número crescente de menores criminosos. Diz também ela que isto é um problema. Jovens menores de idade “vivendo no e do mundo do crime” não é uma coisa normal nem desejável.
            A mim me pareceu que a nobilíssima jornalista esqueceu de formular a pergunta mais instigante, posto que seja o que mais intriga: por que isso acontece a esses menores? Somente sabendo e conhecendo as razões que tangem esses jovens rumo à marginalidade é que se poderá se lançar às soluções porventura existentes.
Não sei se devo arriscar, mas ao que parece esses jovens são “egressos” de famílias pobres, mal estruturadas e cujo nível de educação de seus pais é o pior possível. Como são não-educados não têm oportunidades para crescer como seres humanos e estão sujeitos a sempre se vender às migalhas que o estado lhes oferece. Muitos não carregam em si valores religiosos, morais, humanitários. Como são ignorantes, não adquirem o senso crítico que lhes permita escolher o que lhes é mais proveitoso e idôneo.
Tem sido também bastante noticiado o desmonte dos tais “conselhos tutelares”. O que são esses “conselhos”? Eles surgiram com a lei que criou o estatuto da criança e do adolescente. São órgãos municipais destinados a zelar pelos direitos da criança e do adolescente. Vejam o que está escrito resumidamente sobre a função desses conselhos: “o conselho tutelar é composto por cinco membros eleitos pela comunidade para acompanharem as crianças e os adolescentes, e decidirem em conjunto sobre qual medida de proteção para cada caso.”
Agora, vejam o que diz o site do Conselho Tutelar (http://www.conselhotutelar.com.br/): “são imprescindíveis a um pai, mãe ou à pessoa que seja responsável por uma criança/adolescente o cuidado e a sabedoria necessários para instruir o menor de idade”. E continua: “além de auxiliar os menores garantindo seus direitos, deve dar atenção e fornecer conselhos aos indivíduos que possuem a guarda dos jovens”.
Tomemos as palavras que realcei no parágrafo que precede o anterior – zelar, acompanhar, comunidade, proteção, caso.  Tomá-las-ei como palavras-chave. Não são os pais que devem zelar por, acompanhar, alimentar, proteger, dar abrigo, e educar o filho? A isso se chama seio familiar. Bem, era assim antigamente.
Contudo, devia haver algo muito errado com a família para vir alguém que julgasse necessário escolher um grupo de pessoas da comunidade para acompanhar as crianças e decidir quais medidas protetivas cada caso exige. Lembremos que o termo comunidade nesse contexto reporta-nos a uma comunidade pobre, e tudo o que é pobre nesse imenso país é retumbantemente e solenemente esquecido. Comunidade é um termo usado por políticos e gestores públicos em seus discursos medíocres e fantasiosos. Observem também que o conselho se atem a resolver casos. Caso lembra problema, e problema sério. O conselho propõe-se a ser o “remédio” salvador da pátria dessas miseráveis crianças que deram o azar de vir nascer de gente pobre num lugar onde a vida humana não tem a menor importância e onde pobreza vem bem a calhar a projetos de poder inescrupulosos.
No site o conselho reconhece que os responsáveis naturais pela criança/adolescente têm de ter sabedoria para educá-los, e se propõe a auxiliá-los nesse sentido e a garantir-lhes seus direitos. Ora, esse mesmo estado que criou esse “conselho” negou a esses responsáveis naturais por essas crianças a oportunidade de obter a sabedoria que deles exige. Negou-lhes educação e, com isso, trabalho digno. Negou-lhes todas as oportunidades. Virou-lhes a face.
Se podia lhes ter dado educação de qualidade e os tornado cidadãos de discernimento impedindo que gerassem filhos criminosos, por que o estado vem e cria o famigerado estatuto que cria os conselhos tutelares para fazer papel de pai e mãe? O estado quer “estatizar” a família? Quer substituir o amor do seio familiar por cinco basbaques metidos a besta a fazer papel de palhaços? Esquece o estado que a família é antes de tudo uma célula de amor. Parece ser o caso, já que também pretende criar a “lei da palmada”, e impedir que os pais criem seus filhos na disciplina e no amor.
É tudo muito simples, cara Adísia Sá. O estado brasileiro, em todas as suas instâncias, quer enfumaçar sua incompetência criando esses badulaques comunistas que dão a impressão que está a zelar por seus cidadãos quando, na verdade, os está condenando a maior exclusão ainda. É da índole desse estado a política do faz-de-conta. Se assim não fosse não seria redundante em leis cujo objeto já o é em outras, como esse estatuto da criança e do adolescente, o estatuto do idoso e a lei Maria da Penha.
Isso responde às tuas perguntas. Ninguém está, de fato, debruçado sobre o problema. Faz de conta que há uma legião prostrada sobre ele, mas não há. E mesmo que houvesse. A solução do problema é devolver o cidadão à dignidade de sua família. E para isso impõe-se educação de qualidade. Nem que se criem milhões de conselhos tutelares se resolverá o caso.  
E onde estão as famílias desses menores? Estão entregues à escuridão da ignorância, da pobreza de espírito, da subserviência cega aos projetos de poder dos políticos mais safados do mundo.

“A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe.”
“Corrige o teu filho, e te dará descanso, dará delícias à tua alma.”

Prov; 29: 15 e 17  

3 comentários:

  1. Caro Fernando,o "Governo democrático Brasileiro",esconde a sua responsabilidade atrás de "leis", e ou, "orgãos" que com a mentira de zelar pelos interesses do cidadão, desrespeitam a fragilizada constituição de 1988 e os direitos individuais das pessoas físicas e jurídicas. Como médicos sabemos o que significa a ANS, dentre outros tantos orgãos. O último entendimento do STF, com relação a Lei Maria da Penha é um afronta aos direitos individuais e a igualdade social.

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  2. O problema não é só de quem é pobre, está mais além. Tem muito "filhinho de papai" que se droga, e são eles que financiam o crime. Pra mim o problema está na destruição da família. Não existem mais valores, hoje se separar é a coisa mais fácil do mundo. Os casais pensam apenas em si, preciso ser feliz, vou encontrar a tal felicidade em outra pessoa e muitas vezes não encontra, continuam com os mesmos problemas mas com outros atores. Deixam os filhos sem a estrutura familiar necessária. O "EU" é tudo que importa, o "NÓS" já não existe mais.

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  3. O problema é do pobre, e somente do pobre, sim. Quem está, estava e continua mal e pobre é o pobre, meu amor. E não é somente o filho de papai quem consome do tráfico. Com o crack e o ox, drogas baratíssimas, filhinhos de papai e filhões sem pai promovem-no. Infelizmente, evaporou-se a visão comunista do perfil do consumidor. Ricos e pobres se esbanjam. Mas quem quem se f... continua sendo o pobre. Ou seja: o problema é do pobre.

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