Articulista
de “ÉPOCA” na coluna “NOSSA CARREIRA”, Max Gehringer recebeu a seguinte
pergunta de uma senhora chamada Lisa, na última edição da revista, de 03 de
dezembro de 2007: “Trabalho numa ONG e estou extremamente insatisfeita, porque
não vejo perspectivas de crescimento. Estou em RH, mas não gosto da área. Quero
mudar, mas não sei que setor ou atividade escolher. Já fiz orientação
vocacional, mas não adiantou. O que eu faço?”
O senhor Gehringer é comentarista corporativo e autor de oito livros sobre o
mundo empresarial. Ele respondeu o seguinte: “Faça terapia, Lisa. Até que você
descubra a razão de tanta insatisfação, não adianta mudar de empresa. Enquanto isso,
sugiro que considere a
possibilidade de trabalhar com marketing multinível (venda em domicílio).
Embora essa seja uma atividade mais de curto prazo, que
não constrói uma carreira, é algo que você poderá fazer a partir de
sua casa, com horários flexíveis, que lhe garantirá uma remuneração decente
até você encontrar seu rumo. (Grifos e negritos meus)
Acredito que a senhora Lisa deve ter ficado extremamente curiosa, e ao mesmo
tempo confusa, sobre dois pontos da resposta do senhor Gehringer. Primeiro, por
que uma atividade que garante uma remuneração decente não pode vir a ser uma
carreira? Segundo, por que a atividade de distribuição interativa, o
mesmo marketing multinível, seria de curto prazo, já que é rentável?
Acredito também que o senhor Gehringer tem muitos conhecimentos sobro o mundo
corporativo, como é evidente em seu currículo. Quem não o conhece poderá ter o
prazer assistindo ao Fantástico aos domingos. Entretanto, ele cometeu
pelo menos um erro grosseiro em seus comentários, afora as dúvidas que
suscitou. Distribuição Interativa, como prefiro chamar, não é, em absoluto, uma
atividade que inclua vendas em domicílio. Como o nome sugere, há que se ter um
forte relacionamento interpessoal entre o que vende e o que compra, e sempre se
oferece, além de produtos a quem compra, a possibilidade e oportunidade de
desenvolver a mesma atividade. Esta oferta inclui o apoio quase incondicional
ao novo prospecto ou candidato, bastando para isso que ele assuma o compromisso
de levar a sério o trabalho, já que quem convida não se torna seu chefe, mas
seu sócio. Esse apoio contempla todos os conhecimentos e atividades didáticas
que o prospecto necessita para exercer essa atividade, de forma a se tornar um
profissional capaz no mundo do negócio de Marketing Multinível. Portanto, o
sair de porta em porta não é uma técnica de vendas recomendada nem recomendável
para o empresário de Distribuição Interativa. Os laços humanos de
companheirismo, amizade e verdadeiro interesse no sucesso alheio são as
características fundamentais do negócio de Distribuição Interativa. Essas
características são a “cola” de um negócio bem-sucedido, rentável e
consistente. São características e condições sem as quais simplesmente não se
faz Marketing Multinível.
Também, ao contrário do que afirma o senhor Gehringer, o empresário da
atividade de Distribuição Interativa tem o potencial ilimitado de construir
uma sólida, lucrativa e enriquecedora carreira. Como acontece em todas
as atividades na vida, é apenas um
potencial. Há que se pagar o preço. Como em tudo. Se quiser ser médico, pague-se o preço. Se
quiser ser rico com Distribuição Interativa, pague-se o preço. Nada nasce
feito. Há que se construir. Demanda aprendizado, tempo, estudo, fracassos. Quem
não quiser aprender, se dar o devido tempo, estudar e se permitir fracassar
para aprender com o fracasso, que procure um emprego.
Distribuição Interativa é um revolucionário método de distribuição de produtos
e bens de consumo aos consumidores. Pelas suas características, alguém já disse
que é a socialização do capitalismo e da livre iniciativa. Por
apresentar a mesma chance a todas as pessoas de várias classes sociais,
diversos níveis culturais e de várias profissões tradicionais a que montem um
negócio a partir de um investimento inicial mínimo e com custos mínimos como
capital de giro, é que ela se torna atrativa e interessante.
O que me parece, para concluir, é que o senhor Gehringer é um excelente
consultor... para empregados! Ele orienta, seguramente de forma correta, as
pessoas que têm a mente de empregados. Ter a mente de empregado tem a ver
visceralmente com a educação que as pessoas recebem sobre formas de ganhar
dinheiro honestamente. A grande maioria das pessoas foi educada a ganhar
dinheiro trabalhando para outras pessoas ou para o governo por um salário de
paga. Desde grandes executivos (os Chief Executive Officer -
CEO) com salários de cem mil a um milhão de reais/mês até um gari que ganha
trezentos e cinqüenta reais/mês, é para essas pessoas que o senhor Gehringer
discursa. Nada contra os garis! Eles são importantíssimos! Quem limparia essa
sujeira se não existissem pessoas dispostas a fazer isso por esse salário? Ele
ensina como ser um melhor empregado. Por isso não aconselhou à senhora
Lisa a estudar com afinco e aprender sobre Marketing Multinível. Esta é uma
atividade empresarial. Há que ter a mente de empreendedor para exercê-la. E não
é todo mundo que foi empregado a vida inteira que estará disposto a mudar a sua
mente e aprender a ganhar dinheiro de outra forma. Mesmo que esteja correndo o
risco de ficar milionário. Isso o senhor Gehringer não saberia ensinar.
Fernando Cavalcanti, 03.12.2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário