Diz o meu amigo Gilson Melo, estudante da neurolingüística, que oitenta por cento das pessoas são "visuais". Detalhe importantíssimo: – entre as mulheres esse percentual chega a noventa por cento. (http://site.suamente.com.br/teste-voce-e-visual-auditivo-ou-cinestesico/) A melhor definição que encontrei diz: "Pessoas visuais fazem uso, mais do que as outras, da visão; por isso gostam de fotos, cinema, etc. etc." Mais: executam a leitura de forma rápida, não estando subentendido se esta é ou não uma boa leitura. Mais provável é que sua leitura seja tão superficial quanto corrida, a não ser que tenha a habilidade da leitura dinâmica, o que não é comum. O que me leva a fazer tal afirmação é outra característica dos visuais: – às vezes saem da sintonia quando o "negócio" obriga a ter atenção durante muito tempo.
Constato tudo isso quase que cotidianamente na rede social. Na rede social postei fotos de minha última viagem e posto sempre os textos que escrevo em meu blog. Fato notório e insofismável: as fotos são muitíssimo mais vistas do que os textos. Qualquer um pode ir lá e confirmar o que estou a dizer. Infelizmente os visuais perdem os detalhes da imaginação que a leitura proporciona. Para citar apenas dois exemplos, assista-se a "O amor nos tempos do cólera", de G. G. Márquez, e "Meu nome não é Johnny", do carioca João Guilherme Estrella. Mas não sem antes ler-lhes os livros em que são baseados. Os livros são infinitamente melhores do que os respectivos filmes os quais, muitas vezes, lhes omitem passagens importantes que dão às histórias um sabor todo único e próprio. Não há comparação. Muita gente, como diz a estatística, há de preferir as películas. Fazer o quê, ora bolas!? As pessoas relutam; resistem; recalcitram. Sabem do que sabem mas parece que não sabem.
Por exemplo, na entrevista que o cirurgião cardiovascular americano Mehmet Oz deu a uma revista de grande circulação nacional ele afirmou o seguinte, a propósito de hábitos que proporcionam longevidade: "estreitar o relacionamento com as pessoas próximas e abster-se de julgá-las". A repórter insistiu: -"Abster-se de julgar os outros ajuda a manter a juventude?", ao que ele respondeu: -"Sim, da mesma forma que resolver situações de conflito." E sapecou: -"O conflito não traz nada de positivo. É apenas desgastante." E aconselhou a quem tem conflito com alguém a procurar esse alguém e resolver o impasse. É como eu disse: as pessoas relutam; resistem; recalcitram...
Uma amiga foi taxativa: -"Não quero viver para sempre!" Lembrei-me do que cantava o Freddie Mercury:
"Who wants to live forever?
Who wants to live forever?
Forever is our today
Who waits forever anyway?"
Caberia a pergunta ao solitário leitor: o prezado gostaria de viver, se não eternamente, ao menos uma longa, produtiva e saudável vida? A querida amiga deve saber que o Criador já nos fez essa indagação há muitos séculos: "Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que morrereis, ó casa de Israel?" (Ez., 33:11) E resistimos e teimamos...
Contudo, há ainda mais, e bem mais. Veja o leitor, se é que os tenho, o artigo da jornalista Carol Castro para a revista Superinteressante de 5 de julho de 2012 intitulado "Torcedores de times campeões vivem mais" (http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/torcedores-de-times-campeoes-vivem-mais/). Embasada em evidências do método científico, a matéria dá conta, em outras palavras, de que torcer por time perdedor pode ser precocemente mortal. Ora, minha preocupação voltou-se incontinenti, tão logo a li, aos meus amigos Chico Heli e Guilherme Lisboa, além de meu afilhado Marcelo Lima, todos torcedores do Ferroviário, nosso Ferrim. É bem conhecida de todos a tristeza perene que acomete os torcedores desse tradicional clube do pobre futebol cearense. E por quê? Ora, pois não vive a perder o Ferrim?
Diz a reportagem o seguinte. Veja o leitor e depois me diga se é ou não preocupante a situação dos torcedores corais: "Quando o time perdeu, os cientistas perceberam um aumento de 15% na taxa de mortalidade entre os homens e 27% entre as mulheres. Eles acreditam que o prazer de um título anula o estresse enfrentado durante o jogo". Ora, o Ferrim, além de jogar mal e irritar o pobre torcedor a partida inteira, ainda termina perdendo. A derrota do Ferrim é quase como a morte: uma certeza. Já nem me lembro a última vez em que o time foi campeão, e me parece que na última vez que o foi já se iam mais de dez anos da penúltima. Enfim, uma completa e humilhante lástima.
O diabo é que meus citados amigos, e outros, e outros, persistem e teimam em "amar" um clube tão destituído de glórias como esse Ferroviário. Dá pra entender? Bem dizia o Dan Ariely: o ser humano é um animal previsivelmente irracional.
Adendo: após poucos minutos da publicação deste texto na rede social o meu querido amigo Vinícius Tavares, um de meus pouquíssimos leitores, me escreveu informando que o último título estadual ganho pelo Ferroviário foi em 1995, há, portanto, 17 anos.
Adendo: após poucos minutos da publicação deste texto na rede social o meu querido amigo Vinícius Tavares, um de meus pouquíssimos leitores, me escreveu informando que o último título estadual ganho pelo Ferroviário foi em 1995, há, portanto, 17 anos.
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