Observem que
qualquer coisa que hoje digam os jornais está sujeita a desmentidos ao dia
seguinte. Por exemplo: disseram ontem que o doutor Lúcio Alcântara caiu com sua
bicicleta dentro do buraco ou devido a um buraco na Avenida Beira-Mar. Hoje dizem
que não houve buraco – ele caiu da bicicleta porque a pista estaria
escorregadia devido às chuvas. E asseguram – a informação é fiel porquanto seu
autor é a própria vítima. Em que pese a possível suposição de que buracos em
ruas e avenidas nenhum mal fazem, hoje o jornal vem à carga com matéria dando conta
de buracos, bocas de lobo, desgaste de galerias, deformidades do asfalto e acúmulo
de água em poças na avenida mais charmosa da cidade. Conclusão: os culpados são
as chuvas que não param de cair e os ciclistas incautos que deveriam deixar
suas bicicletas em casa.
Ainda
sobre as matérias sobre as quais comentei ontem, certo jornalista entendeu que
a “Opinião” do senador Inácio Arruda exprime uma crítica aberta à gestão da prefeita
Luizianne Lins. Eu jurava que seu discurso era típico de palanque de candidato.
Enfim, é possível que seja ambas as coisas. Afinal, ninguém concorre a cargo
eletivo elogiando o trabalho do último gestor. Veja-se o que se está a chamar
de “desmonte” do Centro Cultural Dragão do Mar, obra do falecido prefeito
Juraci Magalhães. Não só não se elogia como ainda deixa-se às favas o que o
opositor realizou. É fato comum e notório na crônica política brasileira com
exceção dos “Bolsas”, que essa é uma “obra” fadada a encher as urnas de votos
e, portanto, reproduzível e ampliável como se bem sabe.
Na edição de
hoje, a matéria que mostra a prefeita inaugurando uma escola que já funciona
desde há quase quatro anos enfatiza o que ela mesma diz sobre inaugurar escolas
em ano de eleição, e antes que se apaguem as luzes: -“Acho que é minha obrigação
concluir o mandato dizendo o que foi feito, porque se eu não inaugurar ninguém vai
saber que existe.” Ou seja, se Sua Excelência não inaugura o equipamento, ninguém,
nem os 600 alunos e suas famílias nem o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM),
viria um dia a saber de sua existência, apesar dos R$ 2 milhões investidos na
obra. É o caso até de se procurar saber o que os alunos foram lá fazer nesses
quase quatro anos em que ela (não) existia. Bom mesmo seria que, em não existindo
a escola posto que não inaugurada, o TCM pudesse reaver o montante liberado
para sua construção, ainda que esteja lá tudo bem construidinho e bonitinho
como toda obra pública recém (não)inaugurada.
Disse mais a
prefeita em seu discurso de inauguração da Escola Professora Maria José Macário
Coelho: -“Ela funciona de fato, porque a gente não precisa fazer obra pra se
aparecer, ou pra aparecer na imprensa; a gente tem que fazer obra é pra
comunidade (sic).” Que será que Sua Excelência quis dizer com isso? Talvez quisesse
ratificar que ela já funciona há tempos, sim, mas que não precisaria ser
inaugurada, já que se fazem obras para servir às necessidades da comunidade e não
para serem expostas ao povo e à imprensa como feitos de governo. Ora, se não
precisaria de inauguração, por que a inaugurou e justo em ano de eleição? Por que
promoveu o evento e lá chamou a imprensa? Ou não chamou e a imprensa foi lá de
enxerida? Bem se vê que políticos têm gogó de girafa e língua de tamanduá, e são
experts em falar sempre o oposto do que
querem dizer. A frase correta e honesta seria: “a escola já funciona de fato,
mas nós a inauguramos hoje, e chamamos vocês aqui para divulgar, porque
precisamos que o povo veja as obras que meu governo está fazendo a fim de que
tenhamos mais chance de eleger nosso candidato na próxima eleição que se
avizinha, ainda que não prometamos que continuaremos mantendo o equipamento em
perfeitas condições e seus professores bem pagos em seus planos de cargos e
carreiras”. Eis aí a verdade irretocável. E se assim se pronunciasse garanto
que muitos votariam no poste que ela indicará à sua sucessão. (Lembram-se que
ela garantiu, com sua popularidade às alturas, que elegeria até um poste para
seu sucessor?)
E – acreditam?
– continua a se ampliar a indústria do assalto a banco e do assassinato. Sabem o
que disse o tenente-coronel comandante da polícia militar do estado do Ceará,
referindo-se ao assalto de ontem? Eis a pérola: -“A população pode ficar tranqüila,
isso eu posso garantir. Nessas próximas horas tudo será desarticulado.” Após um
assalto a banco a cada 3,7 dias neste ano – 29 assaltos entre 01 de janeiro e
17 de abril de 2012 –, fiquemos tranqüilos. Está tudo sob controle. O próximo será,
pelo intervalo verificado, entre sexta e sábado próximos. Onde será é o que me pergunto.
Ou será que o graduado oficial quis dizer, como fazem os políticos quando dizem
o que não querem dizer dizendo, que o que será desarticulado é o sistema de
segurança pública do estado? Se assim for, salve-se quem puder!
Amigo Fernando.
ResponderExcluirO Centro Cultural Dragão do Mar NÃO foi obra do Dr.Juracir Magalhães nem tampouco da Prefeitura. Foi uma obra do Governo do Estado,e se não me falha a memória o Governador na época era o Tasso Jereissati.
Quanto ao restante da escrita...Concordo com vc.