Até agora nada
vi na imprensa escrita sobre o caso do desaparecimento da professora. O jornal
que ontem dizia estar acompanhando o caso parece o ter abandonado. Deve saber
de algo que desqualifica a potencial matéria. Seria provável que o suposto
desaparecimento fosse desmascarado por um evento corriqueiro, como se a
professora tivesse resolvido se esconder de alguém numa pousada ou hotel. Quem
sabe quis dar um susto no noivo safado e mulherengo? Afinal foi ele quem
denunciou seu “desaparecimento” à delegacia. De concreto, nada. Nenhuma
palavra. O jornal e seu portal calam-se solenemente. Para um noticioso que
afirmava estar de olho no caso é um péssimo exemplo.
Observe-se
outro dado que salta aos olhos em nossos periódicos. Eles estão a se parecer mais
com livretos de lojas e magazines – estão repletos de propaganda de bens de
consumo. E o que mais anunciam são os carros de luxo. Mas, na verdade, anunciam
de tudo, de lençóis a caminhões. Ganham um dinheirinho aí. Além disso, salta
aos olhos a nojenta, persistente e insistente propaganda oficial. O governo do
estado e a prefeitura de Fortaleza estampam, todos os dias sem dó nem piedade,
seus fantasiosos feitos e realizações. Dirá alguém que estou a exagerar, que de
fato lá estão os postos de saúde, os hospitais, as escolas. E direi que de nada
adiantam postos de saúde que não têm remédios, hospitais que não atendem à
demanda de guerra e escolas que não educam. Ademais, aqui entre nós, governos
servem a isso mesmo. Não fazem mais que sua obrigação, e mais – fazem
infinitamente menos do que se espera deles. Isso sem falar que fazem o que não
deviam, como funcionar de “fiadores” a funcionários públicos que tomam
empréstimos a empresas que tem relações imorais com gente do centro do poder.
Conclusão: a irritante propaganda “oficial” é um pé no saco do já combalido
cidadão de bem, e uma afronta à inteligência dos esclarecidos.
Mas
há exceções nas fajutices da imprensa escrita. Além de uns poucos corajosos e
sérios jornalistas, uns poucos colaboradores valem a pena se ler. Vejam, por
exemplo, no jornal o Povo de hoje, o
artigo do médico e professor Antonio Mourão Cavalcante intitulado “Consignados
para quem” (http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2012/04/28/noticiasjornalopiniao,2829380/consignados-para-quem.shtml).
Lá ele faz uma corajosa crítica reprovativa àquela história do governo do
estado do Ceará oferecer empréstimos consignados a funcionários públicos. Uma
crítica direta, ácida, corrosiva, indignada. Mais – sugere a participação dos
“homens de cima” na mutreta, e fuzila: “Como acreditar na bondade do governo?
Prefiro imaginar os conchavos de bastidores, as falcatruas cobertas ou
descobertas...” De fato, tudo foi descoberto, os conchavos e as falcatruas e, diga-se
de passagem, a que não falem que não dou a César o que é de César, a imprensa
teve papel fundamental na divulgação desse material. Numa reflexão mais
alargada, poderíamos dizer que o resto deveria ser feito pela sociedade, numa
resposta veemente às urnas nas próximas eleições aos indicados e apadrinhados
por essa gente, o que não acontecerá, infelizmente. O povo é canalha – me
refiro às gentes, não ao jornal – e canalha não se importa com canalhices.
Para
encerrar venho declarar em alto e bom som: o senador Inácio Arruda foi finalmente
“lançado” candidato do PC do B à prefeitura de Fortaleza (http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2012/04/28/noticiasjornalpolitica,2829306/jantar-vira-evento-para-lancar-nome-de-inacio-a-prefeitura.shtml).
Parece que eu estava certo ao criticar seu artigo de jornal no post “Análise do
discurso?” (http://umhomemdescarrado.blogspot.com.br/2012/04/analise-do-discurso.html).
E quem estava presente ao jantar do lançamento da candidatura era o deputado federal
Artur Bruno do PT, ele próprio pré-candidato ao mesmo cargo. Vejam, como se diz,
que está tudo dominado. Trocando um pelo outro devolvo ambos e nem quero o troco.
Haverá alguém diferente nesse meio? É que me pergunto.
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