Outro dia falei dos sistemas. Preocupado sobre onde estaria inserido, fui ver o que seriam os sistemas. Está lá, no pai dos burros, sobre sistemas: "Combinação de partes reunidas para concorrerem para um resultado, ou de modo a formarem um conjunto". Assim, descobri que sou, junto a outras pessoas, uma parte de algo que pretende um resultado.
Tendo visto a definição de sistema, concluí que nada há de errado fazer parte de um deles. O diabo é que uma palavra e, mais que uma palavra, uma idéia me chamou a atenção: – resultado. Sim, porque, se faço parte de um sistema, desejo ardentemente que esse seja um sistema vencedor, um sistema que produza bons resultados. Saí, tão logo a existência deste desejo se tornou clara em mim, a me perguntar se o resultado do sistema do qual faço parte é bom ou mau. Para minha mais absoluta tristeza e vergonha, concluí sem demora: – o sistema é podre.
Tal constatação, longe de me incomodar, faz mais claras minhas ideias; ajuda-me a repensar o que faço, onde faço e porque faço; impele-me a pensar em soluções. Se há um problema – um sistema podre vai empodrecer você tão rápido que nem terá tempo de perceber –, há que se encontrar uma solução. A pergunta que me fazia era a seguinte: – se o sistema é podre, por que há ainda tantas pessoas fazendo parte? A resposta não é simples.
A Primeira Lei do Movimento, de Newton, ajuda a que se dê uma primeira explicação. Diz ela que, na ausência de uma força, um corpo em repouso permanecerá em repouso, e um corpo em movimento permanecerá em movimento em linha reta e em velocidade constante indefinidamente. Diria, então, que as pessoas permanecem na podridão do sistema porque não há, ao que parece, nenhuma força que as retire desse estado. A analogia é tentadoramente perfeita.
Ainda se utilizando da mecânica newtoniana, podemos supor uma origem para as possíveis forças que determinarão uma mudança nesse estado: – o "corpo" é dotado de um "motor" que o impulsiona em maior velocidade ou o impele em outra direção; ou, o "corpo" sofre a ação de uma força externa.
No caso do indivíduo que faz parte de um sistema degenerado, a força externa é a demissão ou a exoneração, ao passo que o "motor" é a sua própria vontade seguida da decisão de abandoná-lo. A analogia entre corpos dotados de massa em movimento e as pessoas fazendo parte de um sistema é, sem dúvida, perfeita.
Alguém poderia argumentar que há que se buscar soluções para esse sistema. (A solução da qual falei acima diz respeito à minha solução, a solução para o meu problema, porque se perceber fazendo parte de um sistema em frangalhos angustia e faz sofrer. Assim, fácil perceber, o meu problema é o sistema e, sendo assim, preciso resolvê-lo em meu esquema.) Há que se indagar também se, em contrapartida, não sou eu o problema, se não sou eu a contribuir para que o sistema não funcione e não produza os resultados a que se propõe.
Após rigoroso e implacável exame de consciência, chego a conclusão de que não, não contribuo para a podridão do sistema. Antes, faço a minha parte e mais um pouco a fim de que ele funcione o mais próximo possível do ideal. Por outro lado, é fácil perceber que um sistema repleto de falhas e defeitos pode vitimar qualquer um que a ele pertença. Qualquer uma de suas peças pode ser responsabilizada por sua inoperância. Sim, porque em qualquer sistema mal funcionante uma única peça defeituosa é capaz de comprometer todo o seu resultado, como um órgão insuficiente que põe em risco a vida de todo um organismo. Em última análise, um sistema demonstra sua unidade justamente quando falha um ou mais de seus componentes.
Assim, a solução do sistema é dever de todas as suas partes e não apenas daqueles que o gerem ainda que, muitas vezes, são estes os principais responsáveis por tal estado de coisas. Volta-se, então, ao conflito inicial o qual, com freqüência, atormenta aqueles já entrados em anos e que investiram toda uma vida no sistema que se tornou deplorável. Que fazer?, eis o grande tópico.
Visto que "a vida é curta, a Arte é longa, a ocasião fugidia, a experiência enganadora, e o julgamento difícil", que se deve fazer?, repito. A resposta parece clara feito água cristalina. Deve-se viver o que resta, abandonar a arte que já não é arte, fugir das ocasiões sem medo do engano da experiência e deixar o julgamento para os que forem ao funeral. Triste. Ou não.
Tendo visto a definição de sistema, concluí que nada há de errado fazer parte de um deles. O diabo é que uma palavra e, mais que uma palavra, uma idéia me chamou a atenção: – resultado. Sim, porque, se faço parte de um sistema, desejo ardentemente que esse seja um sistema vencedor, um sistema que produza bons resultados. Saí, tão logo a existência deste desejo se tornou clara em mim, a me perguntar se o resultado do sistema do qual faço parte é bom ou mau. Para minha mais absoluta tristeza e vergonha, concluí sem demora: – o sistema é podre.
Tal constatação, longe de me incomodar, faz mais claras minhas ideias; ajuda-me a repensar o que faço, onde faço e porque faço; impele-me a pensar em soluções. Se há um problema – um sistema podre vai empodrecer você tão rápido que nem terá tempo de perceber –, há que se encontrar uma solução. A pergunta que me fazia era a seguinte: – se o sistema é podre, por que há ainda tantas pessoas fazendo parte? A resposta não é simples.
A Primeira Lei do Movimento, de Newton, ajuda a que se dê uma primeira explicação. Diz ela que, na ausência de uma força, um corpo em repouso permanecerá em repouso, e um corpo em movimento permanecerá em movimento em linha reta e em velocidade constante indefinidamente. Diria, então, que as pessoas permanecem na podridão do sistema porque não há, ao que parece, nenhuma força que as retire desse estado. A analogia é tentadoramente perfeita.
Ainda se utilizando da mecânica newtoniana, podemos supor uma origem para as possíveis forças que determinarão uma mudança nesse estado: – o "corpo" é dotado de um "motor" que o impulsiona em maior velocidade ou o impele em outra direção; ou, o "corpo" sofre a ação de uma força externa.
No caso do indivíduo que faz parte de um sistema degenerado, a força externa é a demissão ou a exoneração, ao passo que o "motor" é a sua própria vontade seguida da decisão de abandoná-lo. A analogia entre corpos dotados de massa em movimento e as pessoas fazendo parte de um sistema é, sem dúvida, perfeita.
Alguém poderia argumentar que há que se buscar soluções para esse sistema. (A solução da qual falei acima diz respeito à minha solução, a solução para o meu problema, porque se perceber fazendo parte de um sistema em frangalhos angustia e faz sofrer. Assim, fácil perceber, o meu problema é o sistema e, sendo assim, preciso resolvê-lo em meu esquema.) Há que se indagar também se, em contrapartida, não sou eu o problema, se não sou eu a contribuir para que o sistema não funcione e não produza os resultados a que se propõe.
Após rigoroso e implacável exame de consciência, chego a conclusão de que não, não contribuo para a podridão do sistema. Antes, faço a minha parte e mais um pouco a fim de que ele funcione o mais próximo possível do ideal. Por outro lado, é fácil perceber que um sistema repleto de falhas e defeitos pode vitimar qualquer um que a ele pertença. Qualquer uma de suas peças pode ser responsabilizada por sua inoperância. Sim, porque em qualquer sistema mal funcionante uma única peça defeituosa é capaz de comprometer todo o seu resultado, como um órgão insuficiente que põe em risco a vida de todo um organismo. Em última análise, um sistema demonstra sua unidade justamente quando falha um ou mais de seus componentes.
Assim, a solução do sistema é dever de todas as suas partes e não apenas daqueles que o gerem ainda que, muitas vezes, são estes os principais responsáveis por tal estado de coisas. Volta-se, então, ao conflito inicial o qual, com freqüência, atormenta aqueles já entrados em anos e que investiram toda uma vida no sistema que se tornou deplorável. Que fazer?, eis o grande tópico.
Visto que "a vida é curta, a Arte é longa, a ocasião fugidia, a experiência enganadora, e o julgamento difícil", que se deve fazer?, repito. A resposta parece clara feito água cristalina. Deve-se viver o que resta, abandonar a arte que já não é arte, fugir das ocasiões sem medo do engano da experiência e deixar o julgamento para os que forem ao funeral. Triste. Ou não.
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