Estamos na era da informação e, por inferência, na era do conhecimento. De fato, o conhecimento sempre foi o grande divisor de águas entre os povos, na guerra ou na paz. Ter conhecimento e aplicá-lo leva à sabedoria. Conhecimento sem atitude leva a nada. Atitude sem conhecimento leva ao abismo.
Nos tempos da obscuridade a miséria grassava no corpo e na mente. Não era permitido o conhecimento. Roma impedia o acesso ao conhecimento, e quando a ciência se aproximava do Criador a fogueira era quase uma certeza. Nem ao homem era permitido o conhecimento do Criador. “O meu povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento”, disse o Criador. Roma se dizia infalível e o que dela vinha era lei. Aos hereges restava o fogo a lhes consumir a carne. Os reis se dobravam para Roma. Após a revolução da indústria, a revolução do conhecimento e da informação. Quem os tem, tudo tem nas mãos.
Eis, contudo, que, por ter-se tornado o mais valioso dos metais, falseia-se o conhecimento ou, melhor, a informação. Como uma cédula falsa, propaga-se a informação incorreta. De mente em mente ela se alastra e se propaga; de tão longe que vai e de tanto que se a diz – Goebbels que o diga – passa a ser vista e sentida como a mais resistente e absoluta das verdades. Quanto mais longe vai, mais distante fica de sua antítese. Eis o grande perigo de/e em nossos dias.
Ora, são cinco os níveis de uma informação: estatística, sintaxe, semântica, pragmática e apobética. A estatística e a sintaxe tratam, respectivamente, da freqüência e regras da disposição dos símbolos usados para transmitir a informação. A semântica é o seu significado, enquanto a pragmática a sua intenção. Por fim, a apobética – o resultado de uma informação.
Dizer que uma informação é falsa ou verdadeira pressupõe uma intenção e resultados opostos e mutuamente exclusivos. Uma informação não pode ser ao mesmo tempo falsa e verdadeira. Ou é uma coisa ou outra. Se 1 + 1 = 2 é uma informação, é ela falsa ou verdadeira? Seu oposto seria 1 + 1 # 2 ou 1 + 1 = 3 ou qualquer outro número. Vejam que para uma única informação verdadeira temos infinitas informações falsas. Notem também que a primeira hipótese, 1 + 1 = 2, não é uma versão sobre o resultado desta operação aritmética; é uma verdade absoluta, o único possível resultado desta operação. Qualquer tentativa aparentemente inteligente e genial de demonstrar o contrário trará necessariamente em seu escopo um falso raciocínio lógico. Quem achar ou pressupor que todo raciocínio lógico é obrigatoriamente verdadeiro, veja o paradoxo de Zenão.
Quem achar que 1 + 1 é qualquer outra coisa exceto 2, é doido . Há, entretanto, os neuróticos – sabem no fundo de sua alma que 1 + 1 = 2, mas não se conformam com isso.
Eis que nos roda neste instante uma quantidade sem fim de informação. Qual a verdadeira? Quais as falsas? É um trabalho de Hércules. Não temos tempo de investigar, posto que nem todas sejam tão simples e óbvias como a simples operação matemática. Contudo, é sempre possível achar a informação correta. Que mapa consultaria se quiséssemos ir de carro até a Venezuela? Seguramente teríamos à mão um mapa do norte da América do Sul, e não um mapa do Irã. Há mapas de todos os tipos e para todos os gostos. Deve-se escolher o mapa adequado para se chegar onde se pretende. Se pretendermos chegar a algum lugar, devemos consultar avidamente os mapas corretos. Eles estão disponíveis em todas as fontes de informação. As informações que estão nos mapas são isentas da preferência de destino de quem os escreveu e desenhou. Ademais, as informações fornecidas no passado são um excelente guia da confiabilidade da fonte, caso sua intenção e resultado casem com a realidade que se seguiu.
Uma amiga me escreveu para dizer que jamais votaria no partido que fez as privatizações. Lanço o seguinte desafio aos meus queridos amigos leitores. Respondam, a título de exemplo e após pesquisa em várias fontes de informação: a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, atual Vale S.A., foi danosa para o Brasil? Não valem opiniões pessoais. Os dados de desempenho da empresa hoje e antes de sua privatização, em maio de 1997, são amplamente conhecidos. São também conhecidos os argumentos dos que foram contra o negócio, e os argumentos do governo.
Mãos à obra. Informação é tudo.
Fernando Cavalcanti, 07.10.2010
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