Foi
com imenso prazer que li, no Diário de Notícias de Lisboa, artigo
escrito pelo professor universitário João César das Neves intitulado “O partido que é quinta-feira”.
De imediato anexo o link do texto para os leitores que gostam de
saborear a leitura
(http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=4406216&seccao=Jo%E3o%20C%E9sar%20das%20Neves&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco&page=-19).
Sim,
porque não sei se sabem, mas há o leitor que não é leitor, o
leitor para quem a leitura é uma tortura e um esforço descomunal,
tudo porque não aprendeu
a degustá-la como se fora uma deliciosa iguaria culinária. Esse
tipo é o leitor que não mastiga; é o que engole a comida sem ao
menos lhe sentir o sabor e as nuances de seu tempero. Daí porque o
que ele lê não é absorvido, já que a “mastigação” é parte
importantíssima da digestão do “alimento” que é a leitura. A
analogia com a fisiologia digestiva é perfeitamente aplicável.
A
bem da verdade tive mais de um prazer no mencionado
artigo. Ao final da matéria, o editor apôs a seguinte observação:
“por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo
acordo ortográfico”. Ora, que maravilha! O professor português
parece se opor ao acordo ortográfico recente. Não conheço suas
razões, mas permito-me deleitar com lucubrações pessoais. É bem
possível que ele conceba a opinião pessoal de que o acordo tornou a
língua portuguesa mais “feia”, ou menos “culta”, ou menos
“clássica”. Eu,
que deploro e odeio com todas as forças de meu ser o comunismo,
penso que tal acordo tem sua costura enviesada na máquina das
esquerdas dos países de língua portuguesa. Por aqui fala-se na tal
“variação lingüística” – assim mesmo, com trema – e no
“preconceito lingüístico” para validar abortos cometidos contra
a norma culta. Pois, quero crer, o professor João César das Neves
declara, implicitamente, todo o seu repúdio a esse estratagema
escrevendo seus textos à parte desse acordo chinfrim.
Abaixo
alguns trechos primorosos do ensaio permeados com alguns comentários meus.
“O
caso Syriza (partido
grego
de extrema esquerda que recentemente assumiu o poder)
é especial porque, devido ao sucesso eleitoral por que tanto lutou,
todos os véus caíram. Os ministros, que há meses eram
contestatários românticos sem responsabilidade, encontram-se face a
face com um dos mais ingovernáveis países da Europa. Durante umas
semanas ainda poderão jogar a desculpa da maldade comunitária mas,
se não se demitirem para regressar ao conforto da crítica
inconsciente, terão mesmo de acabar por enfrentar os problemas
nacionais e construir, lenta e cuidadosamente, caminhos de solução.
A retórica incendiária, tão eficaz nas eleições, pouco ou nada
ajuda a melhorar a Grécia.”
Veremos
se, agora, conquistado o poder a muito custo, os que antes só
contestavam serão capazes de governar o país ingovernável. Ou isso
ou permanecerão a imputar à comunidade européia a culpa pelos
graves problemas nacionais. O discurso que elege pode até eleger,
mas não será capaz de melhorar o país. Que semelhança incrível
com o que se faz por aqui!...
Agora,
na dura realidade do mundo real, “o Syriza constatará que muitos
dos seus eleitores são culpados de defender benesses e privilégios
insustentáveis que, afinal, são a verdadeira causa da crise.”
(Onde andará o senhor Giorgio Agamben e seu espantoso cérebro?)
Esses eleitores e o próprio Syriza acabarão por entender “que o
seu verdadeiro inimigo é a simples aritmética.” O delirante
comunista cuja cabeça é das mais influentes do mundo, segundo seus
atarantados e babantes admiradores, terá que admitir, enfim, que
quem pede dinheiro emprestado tem de pagar e que a melhor forma de
fazer isso é usar os recursos para crescer e não para sustentar
mordomias e privilégios. Culpar
o credor tem servido como discurso que desvia a atenção das mentes
dementes, mas não de quem está atento à parafernália retórica
dessa gente (http://umhomemdescarrado.blogspot.com.br/2015/02/uma-besta-menos-besta_1.html).
“Repudiar
a dívida, a resposta preferida dos extremistas de todas as
nacionalidades,” – será
que no Brasil nossos extremistas não tão extremistas assim fazem o
mesmo? – “nada contribui para eliminar a máquina que criara
anteriormente a carga. Abandonar a redução de despesas e aumentar
impostos, que repudiavam tão vigorosamente como austeridade, implica
ver a dívida regressar aos níveis de antes do repúdio, com a
agravante de que esse repúdio terá fechado as portas de muitos
credores
respeitáveis e aumentado os juros dos demais.” Observe-se que as
crises não são do capitalismo mas ocorrem no
capitalismo causadas por governos incompetentes, irresponsáveis e
pródigos.
“O
verdadeiro problema da Grécia, como aliás de Portugal, é construir
um Estado que se consiga sustentar sem recorrer a estrangeiros.” Há
anos o discurso comunista incrimina o capitalismo. Não enxergam que
seu sistema é o fracasso desde sua concepção porquanto prega o
calote sistemático como parte de suas “negociações”. Para eles
o calote é um ato “revolucionário”.
Os
estrangeiros, “que há décadas sucessivamente canalizam milhões
para os países, começam finalmente a perder a paciência. Porque a
crise de 2015 não é a primeira, nem a décima vez que a Grécia
viola os acordos, pedindo nova ajuda para finalmente resolver a
situação, sem de fato nunca chegar a fazê-lo.” Como disse o
senhor Agamben, as crise nunca acabam. Mas isso não se deve ao
capitalismo, senão àqueles mesmos governos perdulários que se
utilizam do populismo
e
da manutenção dos
privilégios nas
altas cúpulas para se manter no poder.
Depois deste primoroso texto penso que não há mais nada a ser dito.
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