Ontem, ou antes de ontem, os jornais anunciaram a prisão se não me engano de cinco suspeitos de envolvimento no assassinato do opositor russo Boris Nemtsov. Eles teriam agido para “desestabilizar” a Rússia. Entende-se com isso que eles agiram justamente para fazer com que todos pensassem o óbvio, ou seja, pensassem que Vladimir Putin, o Presidente, seja o autor intelectual do homicídio. De obviedade em obviedade não se chega a qualquer certeza visto que há que se provar se, de fato, os cinco homens mataram mesmo o opositor. O Putin, que estava “putin” porque não entendia como poderiam pensar isso sobre ele, deve agora estar alegre além da conta. Ou não, já que o homem manda em tudo por lá e apesar da global queda vertiginosa do preço do petróleo, seu principal item de exportação. Até há pouco o Putin, que não está mais “putin”, era considerado o articulador e grande responsável pela melhora incontestável da economia de seu país, e ainda que também há pouco o rublo, a moeda russa, tenha despencado frente ao poderoso dólar americano.
Afora esses superficialíssimos dados econômicos, já que nada de economia entendo, nada de novo no reino da Dinamarca. Aliás, há meses venho recebendo de meus queridos consultores da Empiricus o alerta de que o dólar ultrapassaria a barreira dos R$3,00 até o fim do ano corrente e que o investidor que desejasse proteger seu parco patrimônio deveria tê-los em sua carteira. Os caras, tidos como loucos, vinham dando o alerta desde que a moeda americana estava cotada a R$1,90. Muitos, repito, os chamavam de doidos varridos. A moeda batia os R$2,60 e ainda havia quem os taxassem de lunáticos, donde se vê claramente que o ser humano é um bicho de lida difícil, principalmente se for um bicho homem das plagas tupiniquins.
Eu, um jurássico ser econômico, contratei há algum tempo os estudados e independentes economistas justamente para me orientar sobre aquilo cujo conhecimento me falta, justamente da mesma forma que contrato o Aníbal, o engenheiro mecânico, para mexer nas entranhas de meu carro sempre que ele dá problema. (O Aníbal deve estar fulo da vida comigo, já que o carro não quebra nem a tiro; mas levo-o lá sempre que a troca de óleo é necessária.) Se pagar o profissional capacitado não me gerar a confiança necessária em sua acessoria, não há porque pagá-lo. Tal inferência me parece revestida e travestida de uma lógica inelutável. Assim, atendendo às orientações de meus consultores de investimentos, comprei cotas de um fundo cambial lastreado em dólar.
Os esquerdistas acham que o capitalismo não funciona porque nele nunca dará para dividir o “bolo” equitativamente, e eu digo que realmente nunca será possível dividi-lo porque não é justo que ganhe igualmente quem trabalha duro e quem não faz nada ou quem não trabalha. O esquerdista é, antes de tudo, um preguiçoso, um parasita, um indivíduo que só acredita no trabalho alheio enquanto ele gere o Estado a seu favor e à gangue à qual pertence.
Pois o meu amado e querido Chico é dado às ideias esquerdistas, sendo ele próprio um indivíduo que deu o maior duro na vida – dar duro significa trabalhar – para chegar onde chegou. Assim, começa que há uma abissal diferença e uma abissal incoerência entre o que diz, o que fez e o que continua fazendo o meu amado amigo – continua trabalhando duro. Por isso o incluo, na maior satisfação do mundo, em minha lista de falsos comunistas. Se alguém disser que ele é comunista, direi que é um comunista que ama, um falso comunista; nunca é demais repetir. O que ele diz, portanto, não deve ser levado em conta, como verão a seguir.
Dizem que o segredo é a alma do negócio, mas essa máxima não tem se mostrado de todo válida. Tanto é que compartilho os “segredos” que meus consultores me contam em conversas com amigos. Por isso mesmo, quando estive em casa do Chico, ao primeiro mês do ano, relatei-lhe a previsão sobre o câmbio. Disse-lhe, sem papas na língua: –“O dólar vai estar acima dos R$3,00 no fim do ano. Aplica em dólar, rapaz”... Ele, que é dos sujeitos mais recalcitrantes que já conheci em toda minha vida, resmungou numa veemência de estudioso do assunto: –“Não acredito”. Duas semanas depois a moeda custava quase R$2,90. Em silêncio ele estava, em silêncio ele permaneceu.
Hoje, no momento em que escrevo essas parvas notas, vejo aqui – a moeda americana fechou, ao câmbio oficial, a R$3,10 e chegou a ser vendido no paralelo a R$3,30. Concluí sem demora – erraram os meus consultores. O dólar passou dos R$3,00 já ao início de março. (Na verdade, em suas newsletters diárias os analistas já alertam há tempos que os R$4,00 na taxa de câmbio já é uma possibilidade bem real.)
Vejam os caros leitores como o ser humano, em particular o brasileiro, é mesmo um bicho difícil. Os caras fazem as estimativas baseadas em dados históricos e em fundamentos econômicos. Eles não estão emitindo opinião; estão demonstrando dados e fundamentos que apontam para uma valorização da moeda americana não apenas aqui, mas no resto do mundo frente a outras moedas. Então, vem de lá o Chico teimar baseado em sua mera e simples opinião... Um único dado já é de arrepiar. No momento, o custo do dinheiro nos Estado Unidos da América é zero. Ainda assim, sua moeda se valoriza frente aos resultados positivos da política implantada por sua autoridade monetária. Agora imaginem quando resolverem subir as taxas de juros por lá... Até eu, que sou um jegue sem sela em economia, sei que isso provocará uma fuga de capitais das economias mais frágeis, elevando ainda mais a taxa de câmbio.
Assim, presumo que o Chico, com seus arroubos esquerdistas desfundamentados, esteja “putin” com o fato de o dólar está indo na direção apontada por meus queridos consultores. Um sentimento despropositado, já que ainda há espaço para se posicionar e proteger o patrimônio. Afinal, ficar “putin' nada resolve...
Bem se vê, também, que ouvir o que diz o meu amigo quando fala de economia e daquilo que acredita em economia não deve ser levado na mínima conta. Se alguém o ouvir quando falar do assunto, acabará por se ver “putin” por tê-lo escutado e não ter feito os providenciamentos necessários para se proteger. Está dado o aviso.
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