terça-feira, 21 de abril de 2015

O PLANTEL DE DUNGA

Pergunta-me o Pedro o que achei dos convocados do Dunga. Vejamos.
Ficaram de fora os Ronaldos e o “imperador” Adriano, que não é o mesmo da escritora belga Marguerite Yourcenar. Entre os Ronaldos há um que é o “fenômeno”. Entende-se que este há de ter talento acima do normal, e é um prodígio. Então, ficaram de fora um prodígio, um imperador e outro que não ganhou nenhum aposto, mas que talvez merecesse um vocativo: - ó, Ronaldo...! – que soaria como um lamento.
Outro dia a torcida do Corinthians cantava em coro as preferências sexuais do prodígio, que começaram a vir a público com o “Andréa”. Entre um escândalo e outro o sobrepeso foi só um detalhe. O homem não demonstra mais prodígio algum, exceção feita às peripécias dos instintos. Uma amiga coincidentemente comentou hoje comigo o que eu não sabia: - o prodígio de Ronaldo não tem nada a ver com seu trato com a bola. Antes, teria a ver com os dotes que lhe deu a natureza. Eu jurava que quem o chamou pela primeira vez de “fenômeno” foi o Galvão Bueno. Bem se vê que sou um ignorante em matéria de futebol, e mais ainda do que ocorre em seus bastidores.
O “imperador” não é muito diferente. Gosta de mulher, e muito! Só namora gostosas e rechonchudas, e que gostem de botar barraco. Gostosas, rechonchudas e barraqueiras, eis o perfil de sua preferência. O problema dele é que saiu do mato, mas o mato não saiu dele. Adora visitar seus amigos de infância do morro, o que não seria nada de mais não fosse pelo fato de que hoje são traficantes de drogas. E bebe! Não é só um drinque aqui e outro ali, pelo que se tem visto na imprensa. Um drinquezinho de nada não faz ninguém ter depressão ao dia seguinte. Quem bebe e fica deprimido a seguir são os que entornam. E não gosta de treinar. Faz o estilo Romário. Para resumir, e não ficar dizendo aqui o que a crônica futebolística deste país está cansada de alardear: o “imperador” vai ao morro com a namorada gostosa, enche a cara, enche a pobre de sopapos, dá uns “tapas” no bagulho, ela põe o maior barraco - é possível até que lhe encha de unhadas -, os amigos o defendem alegando que todo casal troca bordoadas assim mesmo, e ao dia seguinte está mais triste do que funcionário público ao fim do mês. O que me escapa justo agora é o substrato de seu apelido. Parece que tem a ver com o fato de ter jogado na Itália. Seria mesmo o imperador romano, o da Marguerite, do século II da era cristã. Vejam vocês: - iniciei dizendo o contrário, e a dedução me demostrou meu próprio equívoco. Deixemos assim como está.
O outro Ronaldo, o gaúcho, vem amargando uma espécie de ostracismo futebolístico e em manchetes de jornal, embora os periódicos europeus tenham expressado certa surpresa e indignação por sua não convocação para a seleção brasileira que jogará a copa da África. Daí o lamento: - ó, Ronaldo...! Com efeito, a indignação foi pela não inclusão dos três ilustres senhores no plantel de Dunga. Em suma, o Ronaldo gaúcho anda com a bola murcha há muito. Não tem feito por onde. Pior para ele que não vai jogar a copa, melhor para ele que continua a faturar seus milhões aconteça o que acontecer. Besta é o torcedor que se mata de amor, paixão e ódio por essas caras.
O que achei do plantel do Dunga? Quase não sei quem é quem, à exceção do Kaká, do Robinho, e de outros dois ou três. Melhor assim. Não há que se decepcionar com quem não se conhece. Assim, torcerei pelo Brasil enquanto estiver a ganhar. Se começar a perder, viro a casaca e torço pela Argentina. O resto é a farra dos dias de jogo. Para mim, que detesto trabalhar, vai ser sopa no mel.

Fernando Cavalcanti, 12.05.2010   

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