Devem-me julgar um mitômano por tanto dizer que não leio jornais, ao mesmo tempo em que tanto comento sobre suas matérias.
O tempo é curto, não há tempo para ler bobagens. Então, eis a verdade: folheio os jornais. Depois da maturidade é possível deduzir o que vem embutido em suas manchetes e nos títulos das matérias. Com certa prática e bagagem de anos, fica fácil. É o que faço, é o que tenho feito.
No O Povo de ontem, em seu caderno Ciência e saúde uma matéria me chamou a atenção e por isso resolvi lê-la. O título: “O mundo vai acabar. Daqui a cinco bilhões de anos!!!”. Poderá alguém estranhar o ponto a separar essas duas sentenças que têm a aparência de ser uma só. Mas estava escrito assim mesmo. E eram três os pontos de exclamação ao final, acreditem. Era assim mesmo como estou a mostrar, repito.
O autor, o senhor Vitor Alencar Alves, aparentemente um jovem adulto entre vinte e vinte e cinco, é estudante de Física pela Universidade Federal do Ceará e “estuda astronomia desde os nove anos de idade”.
Diz ele dos diversos mitos e teorias sobre o fim do mundo e termina por dizer que “entre as teorias que a humanidade já lançou, a única que é possível de certezas científicas” é a que trata da morte de nosso Sol, daqui a 4,5 bilhões de anos.
Terminada a leitura, me angustiava a dúvida cruel e dilacerante: o Sol vai morrer daqui a 4,5 bilhões de anos, como ele arrematou ao final, ou daqui a cinco bilhões de anos, como estava estampado ao título? Quinhentos milhões de anos não são quinhentos dias, nem quinhentos meses, nem quinhentos anos! É uma diferença brutal, hão de concordar. E cá com meus botões matutava: se é uma certeza científica, que variáveis ou influências conspiram para permitir tamanha diferença nos cálculos? Concluí o óbvio – não há tanta certeza assim como diz meu jovem escritor.
Mas o que mais me chamou a atenção foi uma das teorias que ele comentou. Diz ele o seguinte: “Outra teoria que se baseia na interpretação da Bíblia foi a do fazendeiro William Miller que, após vários anos estudando o livro sagrado do Cristianismo, concluiu ser possível estimar a data do fim dos tempos e afirmar que esta seria entre 21 de março de 1843 a 21 de março de 1844” . A outra teoria que ele citara antes nem vale a pena explicitar posto que não se encontre na Bíblia.
O meu jovem estudante de Física parece não saber que os métodos de datação radiométricos e incrementais utilizados para medir a idade do planeta Terra e outras coisas mais, por exemplo, estão todos incorretos e repletos de pressupostos que lhes invalidam como confiáveis. Os estudos de desintegração nuclear acelerada, que pretendem estudar a origem e a quantidade do gás hélio na atmosfera terrestre, revelam o que parece ser a verdade científica incontestável – o planeta não tem os 4,5 bilhões de anos que lhe são atribuídos. Ele teria entre nove mil e dez mil, no máximo 14 mil anos. (Como tudo começou, de Adauto Lourenço, Capítulo 6: A origem dos bilhões de anos – métodos de datação)
Voltemos à “teoria” do senhor Miller.
O senhor Miller encontrou no livro de Daniel, do Velho Testamento, em seu capítulo 8, versos 13 e 14 a profecia que indica o tempo do fim, lhe revelada pelo próprio anjo Gabriel a mando de Deus. Diz a profecia: “Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do sacrifício diário, e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados? Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado.”
O anjo insiste em dizer a Daniel do que trata a visão: “Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim.” (verso 17) Mais insistentemente: “Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira, porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim.” (verso 19) E mais na frente conclui, sem deixar dúvidas: “A visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira; tu, porém, preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes.” (verso 26) Daniel adoeceu e não entendia a visão. (verso 27)
Dias depois voltou o anjo para explicar a Daniel quando se deveria começar a contar o período de dois mil e trezentos anos, quando haveria a purificação do santuário. E disse: “Daniel, agora, saí para fazer-te entender o sentido.” (capítulo 9, verso 22) Disse mais o anjo a Daniel ao capítulo 9, verso 25: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém...” A ordem para reedificar e reconstruir Jerusalém saiu no ano 457 a .C. por Artaxerxes, rei da Pérsia (livro de Esdras, capítulo 7, versos 12 a 26)
Assim, no outono de 1844 era esperado o retorno de Cristo para a ressurreição de todos e o resgate dos remidos, pois se acreditou que o santuário de que falava a profecia era a Terra. Passou-se o período indicado e nada aconteceu. Depois de estudos bíblicos referentes à questão do santuário, descobriram que o santuário a que a profecia se referia era o Santuário Celestial, do qual o terrestre, construído por Salomão, seria uma cópia fiel, com todo o seu cerimonial e serviços sagrados, dentre os quais a purificação. Em suma: em 1844 Cristo entrou no Lugar Santíssimo daquele Santuário e passou a intervir, através do juízo investigativo, para a purificação do mesmo. O dia de Sua volta só é do conhecimento de Deus.
Assim, dito isso, os estudos do senhor Miller não são uma “teoria” escatológica como o é a morte de nosso Sol. Seus estudos, em que pese a decepção inicial experimentada, causaram um grande movimento religioso mundial à época e levou à renovação de esperanças até então perdidas.
Hoje surge uma ciência, o criacionismo científico, que usa as verdades científicas negadas e não divulgadas, mas que provam a inviabilidade do evolucionismo e as provas cabais da existência do Criador e da obra da Criação. Não é o momento de permitir que “crianças” empolgadas com a falsa ciência dissertem sobre assunto da mais alta relevância e seriedade: o destino de cada um de nós.
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