segunda-feira, 16 de junho de 2014

Pa'ece qu'é baitola!...

          Logo mais veremos Alemanha e Portugal, jogo em que estreará o considerado melhor do mundo da última temporada, Cristiano Ronaldo.
          Cá entre nós, Cristiano Ronaldo é uma figura. Diria até uma figura geométrica. Dizem aí os tablóides que se ocupam das fofocas que o homem é vaidosíssimo. Gosta de se exibir e, com isso, expor seus dotes físicos.
         Duvidei dessas informações até assistir, contra minha vontade, ao último jogo entre o Real Madrid e o Atlético de Madrid. Eu estava no solar de meu amigo e compadre Chico quando vejo o povo trazendo para o deque o telão. Era por volta de 5 da tarde. Perguntei o que se passava e disseram: -“Vamos ver o jogo”. E me vi ali, diante do telão do Chico, vendo a partida que decidiria não sei que campeonato.
       Mantive-me de pé durante a partida. Acreditava piamente que, mantendo-me naquela posição enquanto os outros se abancavam entusiasmados, demonstraria minha indubitável ojeriza ao futebol. Antes do apito inicial, bradei em alto e bom som a fim de que os mais jovens soubessem do meu comportamento diante de uma partida de futebol: -“Torço por quem ganha”! Ninguém me deu atenção e, confesso, considerei a atitude uma favorável evolução nas mentes futebolísticas. Noutros tempos tal anúncio causaria uma comoção geral, já que era inadmissível que alguém torcesse por ninguém. Noutros tempos havia de aparecer alguém a exigir que eu me posicionasse, que tivesse um time do coração pelo qual fosse capaz de matar e morrer, que eu, enfim, fosse um brasileiro que segue à risca o determinismo que nos condenou a amar o futebol mais do que a própria mãe. Àquela época diziam-me abertamente um idiota. Hoje não; hoje apenas pensam: -“É um idiota”...
            O jogo foi bom. O Atlético abriu o placar com um gol feiíssimo. (Considero o gol feiíssimo quando a bola entra a muito custo e não balança a rede adversária.) Diante dessa contingência estética, resolvi fazer uma exceção: - time que faz gol feio não merece a minha torcida, de modo que segui sem torcer por ninguém.
         Para encurtar a história, o Real Madrid empatou no finalzinho do segundo tempo e o jogo foi para a prorrogação.  Nela o Real consolidou sua vitória fazendo mais três gols, um deles de Cristiano Ronaldo. (Os do Real Madrid foram gols de excelente qualidade estética, o que conquistou minha incondicional simpatia e torcida.)
         Foi ao momento do gol de pênalti que obtive a confirmação: - Cristiano Ronaldo é uma figuraça! Ao converter o pênalti, o jogador correu para a lateral direita do campo tirando a parte superior do uniforme de seu time. Os companheiros do banco de reservas e os demais jogadores vieram comemorar com ele, e se engalfinharam em caloroso abraço. Desfeito o “bolo de carne” humano, Cristiano Ronaldo voltou a correr pela lateral e saiu a contrair, para a assistência, seus músculos do tronco como faz o halterofilista em concurso de Mister Universo. Quando vi a cena, não me contive: -“Esse Cristiano Ronaldo pa’ece qu’é baitola!...
       Já, já vamos ver e gargalhar com as peraltices do senhor Cristiano Ronaldo. Oxalá os saxões não nos tirem o prazer das cenas de humor proporcionadas por essa figura ímpar do futebol atual. É esperar pra ver.

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