terça-feira, 1 de março de 2011

Tempo, música, suor e salada

O sistema nos empurra como manada a paradigmas seculares. Pensando melhor, não tão seculares assim; apareceram em seguida à revolução industrial e tecnológica. Com o capitalismo vieram eles. E, com a “vitória” daquele, mais paradigmas surgiram.
            Longe de mim combater o sistema, posto que ele encerra oportunidades e idéias bem interessantes. Nem me aponham o epíteto de comunista, que não é o caso. E, a propósito, basta se ler o Manifesto para perceber que nunca, em tempo algum após Marx e Engels, puseram-se em prática as idéias ali pregadas. Os anarquistas queriam a abolição de toda forma de governo sem passar pela ditadura do proletariado, ao passo que os social-democratas queriam a manutenção do estado e das classes pela remediação do que chamavam males sociais. Marx e Engels pregavam a conquista do poder por parte do proletariado, numa revolução sangrenta, como uma forma de transição a uma sociedade sem classes.
O que eu acho? Quem sou eu para achar alguma coisa? O que sei é que nos estados comunistas implantaram a pobreza. A China é caso à parte, capitalista nas relações comerciais com outros países, comunista na supressão das liberdades e exploração de sua mão de obra. Ao que consta, há uma casta, uma viçosa e pujante burguesia chinesa bem ao centro do estado “comunista”.
Bem se vê que o que parecia ter dois extremos tem na verdade uma gama de formas, vários matizes combinados em feitios convenientes aos seus idealizadores e donos. Paremos de pensar que existam comunistas. É provável que somente os autores do Manifesto o tenham sido de fato. Os demais se aproveitam até hoje do que ele tem de belo e utópico para destilar suas más intenções no exercício do poder.
Voltemos aos paradigmas não tão seculares do capitalismo. Que fizeram eles conosco? Vejam, por exemplo, o Padilha. Não tem tempo para nada que não seja o trabalho. Minto. Tem tempo para ver as novelas televisivas. Devo dizer que, não fossem as novelas, a vida do Padilha seria somente o trabalho. Por causa do trabalho não faz ginástica, e é bem provável que se alimente mal. Talvez – e isso é uma suposição de minha inteira responsabilidade – coma dos produtos fast food, um subproduto da pressa capitalista. É digno de nota que quem não se exercita e não se alimenta para se nutrir está a viver mal, não resta dúvida. É irônico pensar que nos porões do mesmo capitalismo funcionam os laboratórios de pesquisa que descobrem que quem mal se alimenta e quem não se exercita vive mal. Ao Padilha faltam, além do tempo, o suor e a salada para ser feliz.
É exagero, é exagero, não é? Não, não é. Falta-lhe também o lazer, para dizer a verdade. Dirão que as novelas são sua catarse. Não digo que não. É verdade. Novelas são um excelente passatempo, inda mais quando seu enredo encerra alguma lição importante. Não sei se é o caso com as de hoje, mas o comentário que li outro dia sobre elas não foi muito animador quanto a este aspecto. Presumi que as novelas ensinam muita coisa... de ruim. Se for esse o caso, que tem aprendido o Padilha? Que catarse é essa que ensina o que não se aproveita?
Falta ao meu amigo, com efeito, aprender a tocar um instrumento. Essa, sim, é a catarse das catarses; faz desenvolver novas e indeléveis conexões neuronais que colocam o cérebro dois níveis acima; alivia o stress e as tensões; libera serotonina pelo prazer que causa ao corpo e à alma; eleva o espírito a mais perto do Criador, em cuja Casa nasceu a música. E, para falar nas saladas, estão cheias de varredores de oxigênio reativo, lesivo às células do corpo e altamente suspeito na fisiopatologia do câncer e da aterosclerose, as doenças que mais matam no mundo ocidental.
O suor é o da ginástica. Padilha só tem suado em função da canícula que precede a chuva. A ginástica, todos sabem, contribui para controlar e/ou prevenir a hipertensão, o diabetes, a osteoporose, além de melhor condicionar as funções respiratória e cardiovascular e liberar serotonina, o hormônio do prazer e do bem estar. A ginástica queima calorias e é fundamental em programas de controle de peso, além de resultar num aspecto saudável e belo do corpo.
Então, ao Padilha aconselho tempo, música, suor e saladas. A vida é mais feliz com eles. O dinheiro é só o tempero.

3 comentários:

  1. Como mencionei no post de hoje, ontem "adotamos" uma cocker spaniel, que por sinal nos chegou bem fora de forma, rsrsrs. Creio que ela há de me convidar para passear, dia sim, dia não.

    Quanto a saladas, já fazem parte da minha vida. A música, de certa forma, também permeia minha existência, porém não tenho habilidades instrumentais, prefiro o canto.

    Ainda hei de aprender a cantar com dignidade, rsrs.

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  2. Fernando,
    Parabéns pelo blog e reflexões construtivas.

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