terça-feira, 25 de junho de 2019

UMA AGNÓSTICO ATEU

Estive hoje lendo umas crônicas do reconhecido escritor cearense Lira Neto. O homem não é pouca coisa. Biografou a Maysa, o Castelo Branco, o José de Alencar, o Padre Cícero e, neste exato momento, está em campo escarafunchando a vida do Getúlio Vargas a fim de escrever-lhe a biografia. Por todas elas foi muitíssimo elogiado pela crítica. Confesso: não li (ainda!) qualquer um deles.
Mas gosto de suas crônicas. E muito me chamou a atenção e intrigou uma intitulada “Anotações de um pai agnóstico”, onde ele externa seu parecer de que não saberia dizer se existe ou não existe Deus e o reflexo dessa sua visão na educação de sua filha. Prefere que ela escolha sua religião quando adquirir discernimento, sem imposições e pressões. O problema é que, ao final do texto – na última frase do texto - o homem diz: “Deus pode não ter criado o homem, mas o homem sentiu uma necessidade imensa de criar Deus.” (Como ontem, ou antes de ontem, fiz um comentário sobre a matéria de capa da revista Veja desta semana relacionada ao tema, senti-me mais uma vez impelido a novo comentário.)
De agnóstico ao início do texto foi a ateu ao final. É isso ou está mais inclinado a referendar a inexistência do Criador. De qualquer modo, não batizou a filha no catolicismo, uma prática secular. Nem a batizou em “igreja” alguma. Ela decidirá.
Se o homem é agnóstico, terá procurado as respostas? Vejamos o que é o agnosticismo, segundo o pai dos burros: “pode-se dizer que o agnosticismo, como atitude intelectual, tem duas vertentes. No terreno filosófico, consiste em negar qualquer possibilidade de conhecimento fora do terreno da ciência e do pensamento racional. No terreno religioso, consiste não em negar a fé ou as afirmações nela baseadas, mas em negar que essa fé e essas afirmações tenham ou possam ter suporte racional. Em ambos o casos, o pensamento agnóstico se baseia na razão, na racionalidade e no conhecimento científico. No segundo caso, ao não negar a metafísica, a fé e os fenômenos supranaturais, está, racionalmente, deixando aberta a possibilidade de aceitá-los, se e quando explicáveis pela razão.”
O problema é a ciência! Não sei se lembrarão do princípio da dualidade do elétron. O elétron às vezes se comporta como partícula, ou matéria, e às vezes como onda. Onda é energia a se propagar em meio material ou não material (Estamos esperando se resolver a estória da matéria escura e da energia negra. A luz, que é uma onda eletromagnética, a princípio não necessitaria de um meio material para se propagar. Com a matéria escura aí a vir a existir, não haveria vácuo. Uma confusão!) Então o elétron é matéria e energia. NÓS somos matéria e energia. TUDO é matéria e energia! (Evitemos escrever a famosa equação do Albert.) Imagino que o Criador sabe fazer com as duas muitos e muitos “fenômenos supranaturais”.
(Por que foi mesmo que eu escrevi o que escrevi no parágrafo anterior? Ah! Lembrei!) Existe um enorme grupo de cientistas renomados e sérios que fundaram o Criacionismo Científico. Seus poderosíssimos argumentos – todos baseados no que a ciência do homem tem de melhor – refutam elegantemente (o Richard Dawkins adora chamar a evolução de “elegante”) TODOS os postulados amplamente aceitos atualmente para assuntos da máxima importância como a origem do universo, a evolução neo-darwiniana e o universo em expansão. Não vou me deter nos vários temas, pois há farta literatura a respeito escrita por respeitados cientistas para leigos como nós. Faço esse comentário an passant apenas para sugerir ao querido Lira Neto que não há mais, hoje em dia, razão nenhuma para se dizer agnóstico por uma simples mas não menos espetacular razão: a ciência está apontando para a existência de Deus. Estou aqui agarrado com “O relojoeiro cego” do senhor Dawkins, e digo: nunca vi tanta lingüiça enfiada num só barbante. Desculpem, é muita petulância de minha parte. Não sou eu quem diz, é a ciência, a ciência que não se está ensinando nas escolas e na mídia.
Sei que o Lira está empenhado em árduo trabalho, o de escrever a biografia de ninguém menos que o Getúlio Vargas, mas essas são questões sérias que não podem esperar. Quando terminar de ler o Dawkins (tenho de ir até o fim: custou-me cinqüenta e oito reais!) prometo iniciar o Padre Cícero, um conterrâneo que conheço quase nada.

Fernando Cavalcanti, 21.12.2010 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O NARCISO DO MEIRELES

Moravam numa bela casa no Parque Manibura.  Ela implicava com ele quase que diariamente. Era da velha guarda, do tempo em que o homem saía c...