sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

A GESTAÇÃO DO SILÊNCIO... E DA PALAVRA

     A vontade era pedir ao amigo que parasse com as postagens. Mas - vejam - o amigo é quase um irmão, uma dessas amizades ferrenhas e inquestionáveis. Ele, ignorante em sua vacina anti-lucidez, permanecia irredutível em sua crença cega, inabalável, imutável. "Só Deus não muda", ouvi alguém dizer não sei quando nem onde. Só a perfeição não muda. Só a perfeição não se aperfeiçoa. Também eu já fui ignorante sobre isto. Sigo ainda em minha completa ignorância sobre muitos e muitos temas e coisas. Sigo buscando. 
     Diria um ignorante - desculpem-me os estudiosos da psicologia - que "realidade é percepção". E direi que não. Se o fosse, como alguém conseguiria modificá-la? Seríamos todos resultado de um determinismo cruel? Contudo, vejam que interessante, o que se vê é justamente o oposto. Incontáveis "vítimas" de uma realidade atroz negaram-se a percebê-la como tal e, arregaçando as mangas, modificaram-na completamente. Conclui-se que a realidade não é, em hipótese alguma, percepção. Realidade é, isso sim, uma situação pontual, um contexto, um cenário e, como tal, é algo influenciável, mutável, plástico, deformável, sobre o qual se pode atuar para transformar. A realidade, convenhamos, é apenas um conjunto de fatos que evoluem segundo-a-segundo, estando sujeita a intervenções que, se levadas a cabo, podem, como enfatizei, alterá-la. O mais lindo em tudo isso é que é a própria realidade a dar a si mesma o aval ao que digo.
     Nove meses se passaram desde a última vez que deitei algumas palavras aqui. 
   Olhando para trás, me parece claro que houve razões para esse silêncio: calar era sumamente imperioso a bem da paz. 


"Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem."

Nelson Rodrigues
     

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