segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

FUTEBOL COM ESPARTILHOS E CORPETES

Pedro, por acaso sabes quando o Ferrim jogou pela última vez? Acho que foi sexta. Ou terá sido na quinta? Foi um dia qualquer na semana passada. Não sei se voltou a jogar no fim de semana. O que sei é que o Ferrim, que proporciona a seus torcedores emoções equivalentes às de uma partida de paciência, está a inovar. Não sei se viste ou se soubeste – o Ferrim contratou novo profissional para o departamento médico. Dito assim parece que estou a encher lingüiça, já que isso não despertará nenhuma curiosidade em alguém. A curiosidade está no fato de o Ferrim ter contratado uma mulher para ser a médica do time. Aí está a nova.
Acho que era um jogo contra o Horizonte no estádio do próprio Ferrim, cujo nome agora me escapa. Um dos jogadores caiu em campo após um lance violento e eis que, de repente, entra em campo, de salto alto e jeans desbotado, a doutora. Os apupos da torcida foram inevitáveis, com assobios e tudo. Não era para menos - a doutora é esguia e tem as formas curvas, delicadas e rechonchudas. Para chegar ao local onde caíra o contundido foi uma novela medonha. Os sapatos dificultavam, mas o pior era o jeans apertado - quase não a permitia sair do lugar. Não sei como respirava: - os seios eram tão rijos e eretos que imaginei uma dessas peças íntimas a lhe moldar o tronco. Não creio que usasse salto agulha, porque não ficou atolada no gramado, para o bem do lesionado e para a tristeza dos torcedores, que dariam tudo para vê-la desfilar um pouco mais. De fato, ficaria entalada em algum ponto do campo tentando se soltar, enquanto a torcida lhe apreciasse as belas e voluptuosas formas. O espetáculo seria, no mínimo, inusitado.
No lance seguinte, quando foi novamente necessária sua intervenção, a doutora já calçava chuteiras, mais adequadas à ocasião. Ainda continuava imprensada naquele jeans esticado, cujo fecho-ecler estava a ponto de partir-se em dois. Sentava-se ao banco de reservas, em meio aos varões comportados. Olhares furtivos pelo rabo do olho a escrutinavam, na tentativa de se manter a postura de cavalheiros diante de uma dama.
Mas, Pedro, vem cá - com um jeans daquele não há cristão que agüente! Vamos e venhamos – a doutora bem que poderia ter evitado tudo isso. Usasse uma túnica, um hábito, uma burca, santo Deus! Não sejamos tão rígidos – usasse um jaleco, e estaria resolvido o problema. E não houve uma única pessoa que a alertasse quanto aos sapatos? O fato é que ela causou sensação, e estimulou emoções. Nem mais posso afirmar das poucas emoções de se torcer pelo Ferrim. As emoções, doravante, serão de tirar o fôlego. O diabo é ficar a esperar um sopapo ou uma botinada às canelas para se poder apreciar o excitante andar da potranca coral.
Fico me perguntando, caro Pedro, quem terá sido o autor de idéia tão original. Até então víramos juízas, bandeirinhas e até presidentes de clube a embelezar o futebol masculino. Ter uma doutora para cuidar de um plantel de marmanjos é algo realmente novo. O que quero dizer é que o futebol ganha uma nova e extraordinária dimensão quando há mulheres no campo. Os americanos têm lá suas cheerleaders, umas mocinhas pouquinhas, magrinhas, insossinhas. Aqui o pessoal bota para tirar do ramo – a brasileira tem o corpanzil da negra africana, com suas mais evidentes proeminências e reentrâncias. Resultado: - entram pelo campo e acabam na revista “Playboy”, nuas em pêlo. Não digo que será esse o destino da doutora coral – até porque o Ferrim continua a ser o time do “quase” – mas quem sabe não a convidam a posar na coluna do Claudio Cabral? Ou não a entrevistam no Programa do João Inácio Júnior, ela em trajes adequados às suas dançarinas? Só o tempo dirá.
No mais é torcer para que ela faça um bom trabalho como profissional de saúde a bem dos atletas do Ferroviário. Afinal, foi para isso que a contrataram. Depois, que ela finalmente aprenda a se portar em campo. As americanas ficam quase nuas como líderes de torcida, mas isso não chega a causar um alvoroço. Como já disse, faltam-lhes as carnes nos lugares apropriados e com a devida dureza. Já aqui, quanto mais se tenta cobrir, mais a imaginação devaneia e sonha. Isso, evidentemente, não seria da responsabilidade da doutora. Ninguém tem culpa de nascer rechonchudo. Mas que se deve pelo menos passar a impressão de que estão cuidando para evitar suspiros em demasia durante o jogo, isso se deve, sim. Que achas Pedro?

Fernando Cavalcanti, 09.03.2010
    

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